O CATACLISMO: NOTAS SOBRE O DIA DAS ELEIÇÕES E A POLÍTICA DA HUBRIS, por JEFFREY ST. CLAIR

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O cataclismo: Notas sobre o Dia das Eleições e a Política da Hubris

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 JEFFREY ST. CLAIR, The Cataclysm: Notes on Election Day and the Politics of Hubris

Counterpunch, 9 de Novembro de 2016

Este artigo foi traduzido e publicado com a permissão do autor.

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Photo By Mike Mozart | CC BY 2.0

São 06:00. Com o nascer do sol, neste dia de umas estranhas eleições, iluminou-se uma nação que finalmente pensou por si-mesma.

A luta continua.

Este é Oregon. O Vale do Willamette está envolto nesta manhã numa névoa tão intensa que as pessoas têm dificuldade em encontrar os seus locais de voto .

Felizmente, não há locais de votação. Sem observadores para a vigilância do processo eleitoral, sem polícia para assegurar a ordem nas eleições, sem ninguém para verificar o seu ID, sem ninguém a intimidar, a repreender ou a querer a insultar-nos por se estar a votar. Oregon toma uma atitude de laissez-faire. Faça o que quiser do seu tempo, pense nisso, vote em casa, vote nelas por e-mail, em… Aqui, na zona Oeste, todos sabemos que estas eleições nacionais são decididas muito antes do dia da eleição. Ou não é assim?

Para muitos de nós em Oregon escolher votar ou não votar há uma semana ou mais significa preencher ou não os nossos intermináveis boletins na mesa da cozinha – assumindo que se tem uma cozinha com uma mesa – com um copo de vinho e um vaporizador para aliviar os sentidos, verificando dezenas de medidas eleitorais desde um novo imposto sobre as empresas para travar a venda de partes do corpo de espécies ameaçadas de extinção, ao financiamento de parques para cães ou aos novos trilhos para renovação da rede de esgotos e estações de bombeiros.

Isso é estar tão perto de democracia direta quanto possível. Ainda assim, a experiência deste ano é um pouco amarga. Provavelmente metade dos candidatos nas listas, desde juízes a altos funcionários da Administração Pública responsáveis pelos serviços de abastecimento de água e energia, responsáveis pelo planeamento de introdução de máquinas de venda de bebidas nas escolas, estão a concocorrer sem adversários. Mesmo a este nível local básico da política, as pessoas parecem estar a ficar indiferentes, reconhecendo a futilidade de mudar seja o que no quadro da dinâmica atual.

A experiência eleitoral está a ficar cada vez mais longe das questões que são importantes para a maioria de todos nós, o que vai desde os cuidados de saúde ao clima, aos empregos para os sem-abrigo, desde o endividamento dos consumidores aos cuidados de saúde da primeira infância. A pele do sistema está a ficar cada vez mais frágil, começa-se a ver para lá dela todo o circuito que lhe está por baixo, tal como alguns Android supergastos no Mundo Ocidental.

Todas as sondagens sugerem que será uma grande noite para Hillary. Ou ela tem uma probabilidade de ganhar na ordem entre os 71% e os 94% , de acordo com as informações dadas pelo considerado especialista Nate Silver, que tem sido a margem de cobertura das suas apostas nas últimas duas semanas. É uma margem de 23% de erro para as principais sondagens. Não admira que eles façam muito dinheiro. Poderiam estar errados? Pode apostar.

 A sondagem mais reveladora de todas elas é, naturalmente, o mercado de ações, que recuperou na segunda-feira depois que James Comey enviou a sua opaca carta ao Congresso a sugerir que a investigação mais recente sobre os e-mails de Hillary mostrava ser ainda mais um outro fiasco. Não há nenhum melhor indicador sobre quem vai ganhar estas eleições do que o indicador apresentado por Wall Street,.

Eu pensei sempre que nesta eleição seria Hillary Clinton que iria perder. É claro que, sendo Hillary, ela sempre foi capaz de fazer explodir uma coisa que para outros estaria bem segura de ser alcançada. Mas o Establishment está desesperado para que ela ganhe. O seu destino está ligado ao dela. O sistema não está tão truncado quanto se pensa. Hoje em dia, todos os projetos se parecem uns aos outros, como feitos em série. `É esta situação que gera uma certa raiva à política, aos políticos. E que se está a difundir pelas regiões esquecidas do país.

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Naturalmente, o sistema adapta-se e absorve as contradições. Isso é o génio maligno do capitalismo tardio. As elites preferem Hillary, mas irão perverter o indisciplinado Trump contra o que pretendem alcançar como objetivo final. Trump é um narcisista, não é um ideólogo. O sistema encoraja e alimenta-se do narcisismo.

Nunca pensei que Trump quisesse de facto ganhar. Na verdade, cada vez que as probabilidades pareciam estar a inclinar-se na sua direção, Trump auto-destruia-se. Trump pode querer o seu nome na Casa Branca, mas nos recantos escondidos e húmidos da sua psique ele sabe que na verdade não quer aí viver, numa antiga casa de três andares construída por escravos.

Há muito pouca alegria em votar num qualquer dos candidatos independentes, qualquer que ele seja. Jill Stein, Gary Johnson, Gloria LaRiva. Eu gosto de todos eles. Mas eles não estão a dar nenhum oxigénio ao nosso sistema político, mesmo agora que as velhas bases do sistema se começam a esboroar e a cair. No momento em que Johnson começou a mostrar um pouco de vida, ameaçando esmagar o debate partidário, ele apagou-se a seguir, ridicularizado por triviais gaffes verbais mas nada comparável à vasta e perigosa ignorância mostrada diariamente por Trump e Clinton.

Eu sei que para a maioria dos casos destes insucessos, os candidatos alternativos levaram a cabo campanhas vagas, sombras fugazes refletidas nos muros do sistema. Votar em qualquer um deles seria verdadeiramente validar o velho sistema que nega a sua própria existência. No entanto, muitos de nós fazê-lo de toda a maneira, escravos do sistema que nos une.

Tanto a esquerda como a direita falam de aspirações revolucionárias durante a campanha, mas na sua maior parte tratava-se de uma retórica completamente oca. Os ultras de Trump ameaçavam com uma rebelião armada se Hillary vencesse, mas provavelmente iriam ultrapassar as suas fileiras com alguns tiros na sua imagem e uns tiros sobre as suas próprias fileiras locais antes de se sentarem nos seus sofás para verem Trump na TV. Sanders, o auto-proclamado revolucionário aderiu à campanha do seu rival e deixou os seus apoiantes à deriva, tudo em troca da oferta de uma possível presidência do comitê de orçamento do Senado. Os democratas não têm nenhum plano de resistência para o caso de Trump ganhar. A hipótese de Trump ganhar é-lhes inconcebível.

Lembro-me da observação de Max Horkheimer sobre o destino dos verdadeiros revolucionários: “A carreira de revolucionário não leva a banquetes nem a títulos honoríficos, a investigações interessantes ou a salários de grandes professores. Leva, isso sim, à miséria, desgraça, ingratidão, prisão e a uma viagem para o desconhecido, iluminado apenas por uma crença quase sobre-humana. “

Os revolucionários deste ano nas eleições dão a ideia de que se estão a bater por um grande prémio, se não mesmo para terem o seu próprio programa de televisão, o seu reality shows. Bernie Sanders em “Dancing With the Stars?”

Uma transcrição de Wikileaks de um discurso que Bill Clinton proferiu face aos detentores de poder numa recolha de fundos do Partido Democrata a favor da sua mulher,em Potomac, é uma lembrança nítida de quão nocivo ele realmente é. Clinton insultou Bernie Sanders e a Esquerda Europeia, atacando dura e descontroladamente Jeremy Corbyn e Alex Tsipras, como fanáticos radicais, tendo chamando a Corbyn “uma pessoa perigosa e fora dos carretos” e a “pessoa mais louca na sala.” [Clinton referendo-se aos militantes do Labour Party “They practically got a guy off the street to be leader of the British Labour party” e quanto aos gregos afirmou: “Mr Clinton added: “But what that is reflective of – the same thing happened in the Greek election – when people feel they’ve been shafted and they don’t expect anything to happen anyway, they just want the maddest person in the room to represent them.”]

Hillary diz que temos de ter uma campanha que apele ao esforço, à luta e ao sucesso. Nós temos que conseguir fazer tudo isso em conjunto. Bernie diz apenas que irá buscar o dinheiro dos milionários. E isso soa bem porque – para muita gente, se olharmos à volta do mundo – o Partido Trabalhista britânico substituiu o mais inaudível de todos os seus dirigentes David Miliband, porque lhe estavam com raiva por ter feito parte do governo de Tony Blair durante a Guerra no Iraque. Subbssitiuiram-no, clocando no seu lugar o seu irmão, porque o movimento trabalhista britânico assim o queria. Quando David Cameron ganhou as eleições, os trabalhistas chegaram à interessante conclusão que tinham perdido porque se tinham movido demasiado para a esquerda e assim saíram à procura de um novo líder, e convidaram alguém que encontraram na rua para ser o líder do Partido Trabalhista britânico, que eu vi na imprensa de hoje dizendo que ele era realmente um cidadão britânico e…( inaudível o resto da frase) . (Risos.)

Mas isto é o reflexo de – a mesma coisa aconteceu nas eleições gregas – quando as pessoas se sentem divididas e não esperam já que nada ve bom lhes venha a acontecer , então com o desespero só querem a pessoa mais louca que encontrem para os representar.

Se Corbyn de alguma forma conseguisse tornar-se primeiro-ministro, espera-se pois que os apoiantes de Clinton ajudem os Conservadores a fazerem o golpe para tomar o poder.

Bill Clinton está irritado porque a esquerda britânica conseguiu finalmente expulsar a maioria dos blairistas do Partido Trabalhista e Bill Clinton vê Tony Blair, e os seus acólitos, como os seus protegidos europeus, os últimos crentes na marca já gasta do Clintonismo.

As pessoas pobres desapareceram da campanha mais rapidamente do que a discussão sobre as mudanças climáticas. As condições destes são muito deprimentes para serem consideradas, penso eu, apenas mais um problema sem solução sobre o qual não se fala nos debates nem se investiga nos estudos demográficos. Deixemo-los entregue ao seu malthusiano destino. .

Viram-se longas filas em muitos dos locais de votação, esta manhã, e também em Manhattan, onde duas mulheres feministas interromperam por curto espaço de tempo o decorrer da votação ao efetuarem um protesto em topless contra Trump. Mas o próprio Trump teria ele visto isso como uma censura ou uma homenagem?

Seguramente, há mais longas filas de pessoas que se recusam a serem envergonhadas pelos Likes de Michael Moore, Rudy Giuliani ou Lady Gaga. Onde estão as fotos dessas almas corajosas?

Por volta do meio dia dizem-nos as sondagens que 36% dos eleitores estão a ansiar por um “líder forte”. Se eles anseiam por um Dominatrix ou por um Mussolini americano ainda está para se saber. De qualquer maneira, essas pessoas estão envolvidas nas eleições.

Será que se quer ainda mais provas de que Trump realmente não quer ser eleito? Dois dias antes das urnas abrirem, Trump informou quais as suas escolhas para os seus principais cargos ministeriais: Reince Pribus para chefe de gabinete, o louco general Michael Flynn para Secretário de Defesa, o veterano Michael Mnuchin de Goldman Sachs para o Tesouro, Newt Gingrich para Secretário de Estado e Rudy Giuliani como procurador-geral. É o equivalente a quase querer enfiar a sua Administração no gang de uma cena de crime. .

Bernie Sanders passou a semana na trilha da campanha, agora a defender Clinton. Muito do que Sanders agora diz agora é uma desenvergonhada negação da sua própria campanha, mentindo como por exemplo ao afirmar a que a rainha do Fracking vai salvar o planeta com umo intenso combate às alterações climáticas. Uma coisa é fazer campanha a favor de Hillary contra a perspectiva de Trump e uma outra é mentir de forma tão descaradamente sobre o seu escuro registo de de Hillary Clinton neste campo..

Mas Sanders não está sozinho. Num ameaçador e arrogante texto publicado pelo The Nation, Rebecca Solnit fez a afirmação estranha de que os EUA nunca teria ido à guerra contra o Iraque se Al Gore tivesse ganho na Flórida no ano 2000. Talvez a Sra Solnit se tenha esquecido de que o Iraque era bombardeado de três em três dias durante a administração Clinton / Gore, em que pelo menos 500.000 crianças morreram sob o seu vergonho regime de sanções e do qual não tem quaisquer remorsos, que por duas vezes Clinton e Gore levaram o Congresso a aprovar medidas destinadas a conseguir uma mudança de regime no Iraque, e que Gore e o seu assessor de política externa, Leon Fuerth, estavam ambos ansiosos por derrubar Saddam numa guerra quente. Durante muito tempo pensei mesmo que Gore teria invadido o Iraque, mesmo sem o pretexto de 9/11.

Com a campanha de Clinton gastou-se mais do que o dobro do dinheiro gasto na campanha de Trump. De acordo com Madeliene Albright, o que que estava em jogo valia a pena. Mas os tweets à meia-noite de Trump tiveram mais impacto político do que os anúncios e cartazes feitos pelas gentes de Hollywood para a campanha de Hillary. Trump compreendeu os novos media, aprendeu com Obama e Sanders, enquanto a campanha de Clinton ficou prisioneira do modelo de máquina eleitoral da década de 1990.

A imprensa, como o resto do establishment foi todo ele atrás de Clinton. HRC teve 57 editoriais publicados pelos principais jornais, Gary Johnson tem 4 e Trump somente 2. Isto é muito para a influência da imprensa.

Quanto às redes por cabo, a Fox News mostrou ser a mais divertida e informativa para se ficar a saber da campanha. Se eles não foram exatamente “justos e equilibrados”, as suas âncoras foram pelo menos mais justas e equilibradas do que a CNN e MSDNC. Eles abertamente debatiam os méritos de Trump, às vezes ferozmente. MSDNC e CNN tinham estado desde o princípio estado ao lado de Clinton. MSDNC tinha mesmo ajudado a extinguir a campanha de Sanders.

Trump não poderia mesmo contar com o apoio das elites do seu próprio partido. Por exemplo, 73 por cento dos legisladores estaduais apoiavam Clinton, enquanto que apenas 5 por cento dos legisladores republicanos apoiavam Trump. Isto não é relevante. Para ser apoiado pelas elites era o mesmo que ter de carregar um fardo às costas.

As temperaturas em Oregon City aproximaram-se hoje dos 70 º graus Farenheit, batendo o record ds temperaturas até agora veridicadas. Nenhuma questão sobre as mudanças climáticas nos debates.

A imaginação política do país está mais empobrecida hoje do que eu já alguma vez vi. Vladimir Putin tornou-se o super-bode expiatório na guerra dos democratas contra a sua própria base. Se Hillary perde, Putin vai ser acusado de ter pirateado as máquinas de voto conspirando com Ralph Nader e Julian Assange.

Hillary Clinton rejeitou mesmo completamente a orientação da pretensa classe política, em favor de uma discreta segmentação demográfica dos eleitores, enviando mensagens codificadas através da cor e do corte dos seus fatos tanto às mulheres dos subúrbios de Filadélfia como aos corretores de seguros em Tallahassee. É a política da identidade, onde as condições de trabalho de cada um de nós  são menos importantes do que onde cada um compra e o que é que  compra. Não há aqui nenhuma mensagem unificadora na sua campanha. Em vez disso, existem milhares de mensagens, cada uma individualmente feita e com objetivos semelhantes aos procurados pelos anúncios no Google e na Amazon. É a política pelo algoritmo.

Entretanto, os eleitores de colarinho azul do Trump são acusados pelas elites liberais de neonazis ou de funcionarem como autómatos da Ku Klux Klan (KKK). Nas últimas semanas, MSDNC dedicou muita atenção à tentativa imbecil de David Duke andar agarrado à lapela do casaco de Trump. Duke aparece com menos de 5% entre os republicanos na sua vangloriada corrida para o Senado em Louisiana. E quanto aos eleitores de Trump, que rejeitam a base racista de Duke? Como é que os democratas explicam isso? Estes nem sequer o tentam fazer. A classe baixa americana, sejam pretos ou brancos, os marginalizados pela globalização e por um governo que trabalha somente para enriquecer ainda mais os mais ricos, são vistos pelo líder dos Democratas como uma coleção de “deplorables” e “super predadores”

Os democratas entregaram-se totalmente à lógica do neoliberalismo e as vítimas empobrecidas e pulverizadas das suas políticas devem ser responsabilizadas pela sua própria condição lamentável. Os pobres serão penalizados  por serem pobres. Onde estão os dividendos de longo prazo nesta cínima marca da política?

O índice bolsista da marijuana é agora otimista quanto às perspectivas desta  droga passar a ser legalizada na Califórnia e noutros lugares também. Que exista um índice bolsista da marijuana é em si-mesmo um sinal bastante deprimente de como o capitalismo pode rapidamente arruinar uma boa decisão.

Deixo o texto em inglês sobre a cannabis para qiue se não tenha ilusões quanto ao regime neoliberal da época de Obama.

Antes da crise criticavam-se os grandes bancos por estabelecerem índices com base em produtos alimentares. Pois bem esses continuam-se a fazer, sobre a partir dos índices de propriedade específicos a cada grande banco e, adicionalmente, o que me se seria inimaginável, também já se controlam índices bolsistas sobre a Cannabis.

Leia-se o excerto seguinte:

“Fraudsters often exploit the latest innovation, technology, product or growth industry — in this case, marijuana — to lure investors with the promise of high returns,” SEC officials said in the investor alert about cannabis stocks.

That is not to say that all marijuana-related companies are suspect.

British biotech company GW Pharmaceuticals, the largest stock on the Marijuana Index with a market capitalization of $2.8 billion, has a promising cannabis-based drug pipeline, according to Goldman Sachs, which gave the company a buy rating this month.

The Marijuana Index, which began in January 2015, is only a small slice of publicly traded cannabis stocks. To be included, stocks need to have a market capitalization of at least $10 million, a daily trading volume of $20,000 and a share price above 10 cents.

Only 23 stocks have made the cut, out of nearly 200 similar stocks that trade on exchanges and over-the-counter markets in the U.S. and Canada. The average stock on the index has a market capitalization of $263.9 million and a share price under $4.

Returns for cannabis stocks have been volatile. The Marijuana Index is up more than 180 percent this year, but plunged 57.2 percent in 2015. (See chart below.)

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Marijuana stock performance is “mostly correlated,” which means individual company stocks often rise and fall in lockstep with the broader industry, Nicholls said.

Even with the strong correlation, investors are better off buying a basket of marijuana stocks rather than taking a flier on one company, Nicholls said. “It’s really hard to say right now how much these companies will be worth,” he said, because the cannabis market is very competitive, faces a lot of regulatory challenges and could dramatically change if larger companies were to enter it.

Nota: Este texto é introduzido pelo blog A Viagem dos Argonautas. O texto em inglês não consta pois na versão do texto  de CounterPunch.

Correndo contra um dos piores Congressos da história, com uma classificação inferior a 12 por cento de aprovações, os democratas parecem prestes a ganhar apenas um punhado de cadeiras na Câmara, talvez apenas uns cinco. Claro, pode ter sido exatamente o tipo de Congresso que HRC desejaria. È muito mais fácil governar assinando um acordo  com Paul Ryan do que fazê-lo com Nancy Pelosi.

Aqui está um exemplo. Trump está a ganhar Vigo County, Indiana, pisando terrenos da antiga socialista Eugene V. Debs, por cerca de 13%. Obama venceu o condado por 1% em 2008, e esta vitória é um claro sinal do apelo de Trump aos sindicatos e aos eleitores operários sobre o NAFTA,  a política comercial e industrial

Evan Bayh, o neoliberal Democrata e empresarial lobista, foi atacado no seu regresso a Indiana, onde afastou Baron Hill para reivindicar o lugar de concorrente Democrata ao Senado. Bayh não vivia neste Estado desde há anos e não conseguia sequer lembrar-se do endereço do seu apartamento em Indianápolis. Boa sorte.

Em 2012, Obama ganhou aqui em Ohio por 23 pontos nas eleições de 2012. Trump e Clinton estão a correr para o mesmo resultado.

Às 9 EST, assinalava-se mesmo em Minnesota que as eleições estavam a chegar ao fim. Isso é um mau sinal. Trump está a limpar a casa nos estados vermelhos, enquanto  que Clinton se batia na Carolina do Norte, Virginia, Flórida, Ohio, Wisconsin, Pensilvânia e Michigan.

A campanha Clinton pensou esta tarde que iriam ganhar na Florida por cinco pontos de diferença. Vencendo na Florida, vencia as eleições. Agora, estima-se que vão perder por por 2%. Porquê? Uma razão: Clinton venceu apenas com 51% dos votos das mulheres na Flórida.

Ela tinha o jogo ganho, ela tinha o dinheiro, ela tinha a imprensa, ela tinha os peritos, e tinha as sondagens, tinha tudo pelo seu lado. Tudo isto não significou nada.

Um dos números-chave da noite? 69 por cento do eleitorado está irritado com o governo federal. Eles sentem que o governo os tem abandonado. O eleitorado tem razão.

Se Trump ganha, os liberais não terão  nenhuma maneira de processar os resultados. Isto está para além da sua concepção. Os seus cérebros simplesmente parecem estar a derreterem-se.

Dick Cheney disse uma vez vez que Reagan nos ensinou a perceber que os défices não importam. Trump pode-nos ensinar que a predação sexual, isso, não importa. Claro, isto nunca foi na verdade politicamente relevante nos EUA, em parte por causa da hipocrisia dos democratas sobre JFK, Teddy Kennedy e Bill Clinton.

Kaboom! Trump ganha Ohio, seguido por vitórias surpreendentes na Carolina do Norte, Iowa, e, por fim, na Florida.

Rachel Maddow está desesperadamente a tentar encontrar um bode expiatório, e está a culpar os Verdes e os Libertários pela derrota de Hillary Clinton na Flórida. É uma acusação absurda. Os libertários não votam nunca nos Democratas quezilentos e neoliberais, quaisquer que sejam as circunstâncias. Paul Krugman aponta o dedo a Jill Stein, que tem menos de um por cento dos votos: “Jill Stein conseguiu jogar o papel de Ralph Nader. Sem ela, o estado da Florida poderia ter sido salvo. ” Não tem qualquer sentido, esta crítica. Hillary tem-se apenas a si mesma para culpar. Apesar de uma grande afluência latina, Hillary só ganhou 51% dos votos das mulheres na Flórida. Não se encontram aqui os problemas que se verificaram em eleições anteriores.

Se Trump, por fim, ganhar também Michigan, Michael Moore vai implodir ou explodir?

Nos anos 60 e 70, a legislação dos direitos civis levou os brancos do sul para o campo republicano. Agora 40 anos de políticas econômicas neoliberais levaram os eleitores da classe trabalhadora a abandonar o Partido Democrata em massa. Basta olhar para as sondagens à boca das urnas: as famílias de sindicalistas votaram: 47% Clinton; 45% Trump.

Isto aparece como um choque tanto para os líderes do Partido Democrata como para os do Partido Republicano que ficam pois a saber que há uma guerra de classes em curso na América. É muito mau para as pessoas da classe trabalhadora que seja Donald Trump a conduzi-la.

O telhado de vidro parece-se cada vez mais com um caixão de vidro

Uma perda enorme e amarga em Wisconsin com a derrota de Russ Feingold, provavelmente o Democrata mais sério que estava a concorrer para o Senado. Esta derrota esmagadora, como muitas outras, esta noite, pode ser atribuída à incompetência e arrogância da liderança do Partido Democrata, que sacrificou o Senado e a Câmara para os tolos dourados  da campanha de Clinton.

A direção do Partido democrata (Democratic National Committee – sigla DNC) viciou as suas primárias para garantir a nomeação do único candidato que poderia perder face a Trump. Não será então de espantar que o mesmo banco de cérebros no alto das emanações da sua própria arrogância, perdesse todos estes lugares no Senado, também?

O DNC passou mais tempo a conspirar para derrotar Bernie Sanders, do que o fizeram os republicanos. A direção do Partido democrata parece não ter aprendido nada com a campanha de Sanders, nem sequer a partir das questões que se ouviam a partir dos seus apoiantes: um sistema corrupto alimentado pelo dinheiro das multinacionais e da industria do armamento, onde os trabalhadores são humilhados e ridicularizados, em que a juventude americana está a ficar sobrecarregada em termos de endividamento e sem nenhuma oportunidade de melhoria da situação, e em que os negros e os hispânicos são tratados politicamente como escravos, como cativos de um partido que exige a sua lealdade ainda que não faça nada por eles. A equipa de Clinton venceu Bernie Sanders, pagam-lhe para sair da corrida e, em seguida, marchou arrogantemente em direção à desgraça que construiram como destino.

Clinton-se mostrou-se ela própria com uma singular falta de coragem a caminho já do fim da sua campanha. Ela não podia mesmo falar contra a brutalização das pessoas tribais em North Dakota, a defenderem os seus cursos de água e os seus cemitérios contra os mercenários de Big Oil. Como é que alguém pode olhar para o seu silêncio em face das permanentes atrocidades ai cometidas e ainda acreditar que ela alguma vez se levantaria a favor deles?

O meu velho professor de história antiga na American University, Allan Lichtman, desenvolveu uma fórmula para estimar os resultados das eleições presidenciais. Ele tem vindo a prever, e de forma correta, os resultados das campanhas desde 1984. Em setembro, Lichtman analisou os dados sobre Clinton e Trump e Trump e previu que este iria ganhar. Mesmo após a divulgação das gravações Access Hollywood, Lichtman introduziu este facto na sua fórmula. Ele foi largamente ridicularizado. Mas Allan estava certo e todos aqueles grandes eruditos ou altos especialistas em sondagens estavam errados, terrivelmente, loucamente errados.

Seis estados votaram em Obama duas vezes e, depois, votaram Trump hoje: Flórida, Ohio, Iowa, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia. Com base nesses resultados, é difícil argumentar, como alguns estão já a fazer, que “o racismo” foi o principal fator de condução à  vitória de Trump.

Hillary, que baseou grande parte da sua estratégia de campanha em ganhar claramente nos votos femininos, perdeu a votação nas mulheres brancas por uma margem de 10 pontos: 53-43. Pense-se, por um momento, sobre esse número 53 por cento para Trump. É seguro dizer que Hillary fez a pior campanha desde Al Gore. Na verdade, foi pior do que Gore em quase todos os aspectos.

Poderia-se dizer que Bernie derrotaria Trump? Numas eleições de armas iguais, com debates leais e sem armadilhas, com certeza que Bernie Sanders ganharia a Trump. Mas não havia nenhuma maneira de se conseguir que Sanders ganhasse as primárias do Partido Democrata. Wall Street precisava de um candidato em que pudesse confiar e Hillary era esse candidato. O Establishment temia a ameaça da esquerda mais do que temia  a direita burra e selvagem. E,  pela primeira vez, não perceberam o que estava a vir de frente contra eles.

Será isto o repúdio final do neoliberalismo?

Talvez, mas não aposte nisso.

É a nós que cabe repudiá-lo.

JEFFREY ST. CLAIR, Site CounterPunch, The Cataclysm: Notes on Election Day and the Politics of Hubris. Disponível em:

http://www.counterpunch.org/2016/11/09/the-cataclysm-notes-on-election-day-and-the-politics-of-exhaustion/

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