ATÉ SEMPRE… por Luísa Lobão Moniz

olhem para  mim

Foram milhares aqueles que há 30 anos foram a Setúbal para acompanharem Zeca Afonso.

Foi um verdadeiro democrata e um lutador anti-fascista que muitos portugueses conheceram pela sua arma mais forte, as cantigas, as palavras que estiveram proibidas pela censura. Mas não havia censura quando nos encontrávamos, em lugares não divulgados, para cantarmos as suas músicas anti fascistas, cheias de esperança “menino do bairro negro, hás-de um dia cantar esta canção queira ou não queira o papão”. Não havia censura, mas se fosse do conhecimento da PIDE lá iam uns tantos detidos.

A cantiga é uma arma, cantava José Mário Branco.

As armas iam ficando com os seus admiradores e sempre que era apropriado, lá vinham elas como setas saídas de diferentes e variadas vozes.

Quando foi o 40º aniversário da Revolução dos Cravos muitos e muitos professores estudaram a revolução e o Zeca.

A minha homenagem foi a edição de um livro para gente miúda chamado “A escola e os cravos”.

Não houve criança que não soubesse cantar a Grândola Vila Morena. Não houve criança que não reconhecesse, no livro, o Zeca, não houve menino que não soubesse o que era a PIDE que tantas vezes o prendeu…

O Zeca Afonso não pode sair das nossas recordações, e quem viveu o 25 de Abril tem que levar para a escola uma cantiga como “Negro bairro Negro”, “ O que faz  falta”, “Venham mais cinco”…..e tantas, tantas outras cantigas que se instalaram na nossa memória pessoal e colectiva.

O 25 de Abril não seria igual, se não houvesse o Zeca Afonso.

Leave a Reply