EDITORIAL – O TRATADO DE ROMA FAZ  HOJE SESSENTA ANOS

Hoje completaram-se 60 anos sobre o tratado de Roma, fundador da CEE – Comunidade Económica Europeia. Foi assinado pela Alemanha Ocidental, França, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo.  O conjunto das nações aderentes foi-se alargando e, em 7 de Fevereiro de 1992, foi celebrado o tratado de Maastricht, que instituiu a União Europeia (UE). Foi assinado por 12 nações. O Reino Unido, Portugal, Irlanda, Espanha (o reino espanhol), Grécia e a Dinamarca já se tinham juntado ao núcleo fundador, onde a Alemanha reunificada substituiu a Alemanha Ocidental.

Se o tratado de Roma foi assinado no tempo da guerra fria, do conflito leste-oeste, entre dois blocos de grande poderio militar, e ideologias aparentemente muito diferentes, o de Maastricht entra em vigor já depois da demolição do muro de Berlim, do desabamento da União Soviética e da reunificação alemã. Tendo a CEE desempenhado o papel de peão na guerra fria, com o fim desta (pelo menos nos moldes preponderantes nos anos a seguir à Segunda Guerra Mundial) a Alemanha procurou fortalecer o seu papel no panorama económico e político internacional. Para tal pressionou os restantes países da UE, e nomeadamente os que integraram a zona euro, procurando fortalecer a sua posição económica e política no cenário internacional. Os resultados foram desastrosos, nomeadamente nos chamados países periféricos, como é do conhecimento geral.

É preciso entretanto reconhecer que, mesmo que a actuação da Alemanha tivesse sido mais prudente, ou que não fossem tão grandes as diferenças em termos de dimensão e de desenvolvimento e crescimento entre os vários países europeus, a integração europeia teria sido muito difícil, para não dizer que teria fracassado sempre. As grandes diferenças culturais e de poderio entre eles, o peso das recordações históricas, são muito grandes. Tem-se referido muitas vezes a paz que tem reinado no continente europeu após a segunda guerra mundial. Mas estão aí a Iugoslávia, a Irlanda do Norte, a Ucrânia para o desmentir. No reino espanhol, as tensões continuam, apesar dos anúncios de que a ETA vai entregar incondicionalmente as armas. O chamado reino unido, apesar da inegável qualidade da diplomacia britânica continua (justamente) a caminhar para a desintegração. Com este panorama, como é possível falar em integração europeia? Há sessenta anos foi cometido um erro catastrófico em Roma. Já é mais do que tempo de pensarmos em corrigi-lo.

Para recordar cliquem em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Roma_(1957)

2 Comments

  1. Enquanto não houver a Europa das Nacionalidades – o regresso à Primeira Europa de que falava o jurista bretão Yann Fouéré – nunca haverá outra coisa mais que repetições dos velhos sonhos imperiais. Quem conseguir – exceptuem-se os situacionistas – diga que não estamos no IVº Reich? CLV

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