CONTOS & CRÓNICAS – CARLOS REIS – OS ARTIGOS IMPUBLICÁVEIS – AS DESNOTÍCIAS

 

 

 

Finalmente! Estava a ver que nunca mais.

Não me digam. Não sabem do que estou a falar? Não sabem mesmo?

Mas foi há tão pouco tempo, foi há tão poucos dias e já se esqueceram, que diabo? É sempre assim.

Vamos lá então recordar.

Primeiro foram o BPP, o BPN, o BANIF, o BES, a PT, a CGD. Porque parece que agora já só falta o Montepio, não tarda. Enfim, como o piedoso nome indica, deve ser instituição relacionada com a Igreja e como todos sabemos a Igreja é lenta, sempre o foi, na sua evolução e processos e portanto é natural que tenha ficado para o fim. Para mais tarde.

Mas a verdade é que certamente já todos deveríamos estar preocupados.

Primeiro com o Dias Loureiro, inocente e importante gestor, amigo do nosso saudoso e indelével presidente da república e amigo do ex-presidente do governo espanhol, o corajoso José Maria Aznar. Ninguém se lembrava dele, uma indecência popular, como tantas outras. Não se sabia do senhor, coitado, apenas que tinha uns ridículos e abstrusos processos pendentes e outras maldades judiciário-complexas que não o deixavam aparentemente em paz. Tanto assim que até se retirou para o campo, triste e solitário, lá para os lados do sul do equador, por onde foi ficando em profunda e melancólica meditação, tentando catolicamente perdoar aos seus invejosos inimigos toda a sevícia contra si por eles perpetrada.

E depois temos um outro cidadão acima de toda a suspeita, o nosso querido gestor e também banqueiro (infelizmente também ele ominosamente esquecido) o Oliveira e Costa. Alguém tem ouvido falar dele, ao longo de todos estes penosos anos?

Não. Nada. Tudo o que sabíamos e alguns ainda se lembram, foi muito falado na altura, mas “felizmente já tudo passou, querida”  (como nos habituais finais dos filmes de vampiros do Vincent Price e do Christopher Lee) é que lhe ofereceram, por parte dos tribunais uma pulseira ou bracelete de bom material, com a qual o senhor andou uns tempos. Nunca ninguém mais ouviu falar dele nem desse seu adorno – coitado, se calhar tê-lo-ia empenhado, já que caído em desgraça quase não tinha com que viver. Mais um inocente, pobre e bondoso ancião, que depois de cruel e indevidamente mal tratado, acaba esquecido por toda a gente, por todo este inculto e ingrato povo, que tem sempre mais com que se preocupar.

Felizmente que a chamada presunção de inocência acabaria por vencer. Levou tempo mas assim foi. O tempo naturalmente necessário para estes morosos processos prescreverem. Caducarem. Cairem, de podres ou de maduros, não se sabe ainda bem, é um mistério que permanece. Mas é, no fundo e aliás, uma indecente perda de tempo nas nossas e nas suas vidas, as destes inocentes cidadãos e importantes estadistas.

Estamos em crer que este aborrecido, moroso e demasiado extenso processo de prescrições irá brevemente tornar-se mais rápido e eficaz, acompanhando a evolução e rapidez dos tempos, evitando demoras inúteis e aborrecidos aborrecimentos na vida das pessoas. Dos próprios e de todos nós. Os tribunais e o erário público só terão a ganhar com o que se poupa. E evidentemente, se as pesadas penas que ainda se mantêm, passarem todas a penas suspensas, como a actual tendência parece indiciarr – ganhamos todos.

É que são sempre – estes generosos vultos, estas vulneráveis pessoas, estes queridos cidadãos – gente que pertenceu/passou/fez parte/interiorizou o nosso grandioso partido, o PSD. Há certamente aqui uma maldade, uma asfixio democrático qualquer por parte da indecente Esquerda que nos inquina as vidas.

carlos

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