CARTA DE VENEZA – AS FESTAS DO 25 DE ABRIL – por Vanessa Castagna

 

Uma das datas mais simbólicas tanto para Portugal como para Itália é sem dúvida a do 25 de abril, que na Itália assinala a libertação do nazi-fascismo de que se celebra este ano o 72º aniversário.

Para Veneza, porém, esta data é sobretudo a festa de São Marcos, o santo padroeiro da cidade. Tradicionalmente, neste dia realiza-se uma solene procissão com a participação das autoridades religiosas e civis, rumo à Basílica do Santo. Neste dia, os venezianos oferecem a namoradas, esposas e mulheres amadas um botão de rosa vermelho, sinal de amor verdadeiro e imperecível, tanto que a festa também é conhecida pelo nome de Festa del Bocolo, “festa do botão”.

A origem deste hábito encontra-se numa lenda local, segundo a qual se apaixonara a filha do Doge Orso I Partecipazio, Maria, por um jovem de origens humildes, Tancredi, sendo por ele correspondida. Para ganhar fama e vencer a hostilidade do Doge, Tancredi decidiu ir combater contra os mouros em Espanha, juntando-se ao exército de Carlos Magno, onde se notabilizou pelas suas façanhas. Um dia o jovem foi atingido pelo inimigo e, ferido, caiu sobre uma roseira; mas antes de morrer apanhou uma rosa e pediu ao amigo Orlando – o famoso herói da batalha de Roncesvalles de 778 – que a levasse à sua amada em Veneza. Maria recebeu a rosa tingida de sangue e, no dia seguinte (que era precisamente a festa de São Marcos), foi encontrada sem vida com a rosa vermelha no peito.

Como muitas vezes acontece, a tradição religiosa e a pagã sobrepõem-se, definindo uma celebração muito própria, que se diferencia das comuns comemorações nacionais e marca um momento autêntico da vida veneziana.

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