UMA GERAÇÃO SOZINHA por Luísa Lobão Moniz

No meio de tanto pesadelo social e político há que realçar o que de positivo, do meu ponto de vista, temos na nossa turbulenta sociedade.

Às vezes perece que há um certo prazer em falar mal dos nossos jovens citando-se acontecimentos como os que se passaram em Espanha numa viagem de finalistas (?).

Estas novas gerações são das mais bem preparadas em termos de investigação, de conhecimentos e de curiosidade científica. A nível das novas tecnologias estão ao lado dos melhores. Não têm medo de serem empreendedores, acreditam no futuro.

Estão a tentar dar uma volta nas relações sociais, não sei se pelo melhor caminho, pois as relações pessoais têm vindo a ser substituídas pelas relações virtuais e isto vai acontecendo sem que a geração mais velha perceba porquê. O tempo passa a correr e não há tempo para reflectir

As relações pessoais constroem-se através da vinculação com as figuras de referência, na minha geração, nas gerações anteriores e nas novas gerações.

É assim que crescemos emocionalmente.

Quando esta vinculação se transfere para os tablets, para os computadores as campainhas da estabilidade emocional deviam soar bem alto. Não nascemos para comunicar com máquinas nem com “amigos virtuais”.

Quando isto acontece é porque alguém está sozinho, não tem auto-estima, não confia nos amigos reais. Mas tentam dar uma solução, aproximam-se mais dos amigos do que dos familiares.

Para os familiares está a ser muito difícil acompanhar as mudanças das relações sociais, mas esquecem-se de que com eles os mais velhos também não os entendiam.

Apesar de tudo muita coisa mudou para melhor, têm menos preconceitos, têm mais liberdade de acção. Estas novas gerações aceitam melhor as diferenças, apesar de por vezes não saberem a dimensão das liberdades.

A educação sempre foi algo delicado e de difícil concretização não só pela educação familiar como também pela educação escolar e social.

Não são as crianças e os jovens que criam esta dificuldade, mas sim a falta de entendimento político sobre Educação e Ensino.

São estas novas gerações que nos chamam a atenção para a dificuldade de crescer sozinho.

O número de adolescentes, que não se revêem nas atitudes dos finalistas em Espanha, é muito superior.

Precisam de companhia da sociedade, da família e da escola para não se sentirem sós.

A sociedade, a família e a escola são responsáveis pela coesão intergeracional, pelo bem estar de todos. Tem sido assim que a humanidade tem tentado viver.

 

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