Assumo-me como Zé Povinho. Sobretudo nestas coisas da Europa que tão bem nos têm lixado à grande e à francesa, nos últimos dez anos – é mais ou menos tudo quanto sei. Eu e também os idiotas que votaram e votam nas direitas dos respectivos países da pretensa União Europeia, honra lhes seja feita, coincidência lhes seja louvável.
Mas porquê Zé Povinho? Porque a memória e cultura políticas já não me chegam para compreender, aceitar e digerir todos os cargos, todas as hierarquias, todos os importantes e cimeiros lugares de uma data (de uma multidão) de sacanas duvidosamente importantes e europeus, que mandam, projectam, propõem, dispõem, e actuam sobre a maltosa, como se de gado estivessem a tratar, alguns mesmo a partir dos próprios e poderosos países.
Pior, aliás – pois o gado, ainda assim deve ser bem tratado, dada a sua utilidade produtora e reprodutora.
Portanto, eu, Zé Povinho, ao debruçar-me um dia sobre aquelas entidades, numa aturada e cansativa investigação, tudo quanto sei ou fiquei a saber (embora já o suspeitasse) é que são uma cambada de mafiosos e gangsters, seja nos próprios países a que pertencem, seja por essa Europa fora, sempre nunca, nunca ao lado do povo, sempre, sempre, sempre ao lado da Banca, da Finança e da Indústria. E da vigarice inerente, é claro.
Apurei todas estas luminárias que passo a enumerar, a lembrar generais de antigos exércitos mexicanos, quase em igual ou maior número que os soldados.
Comissão europeia, eurogrupo, conselho europeu, vice–presidente disto ou daquilo… Tanto cargo, tanta hierarquia burocrática para quê?
São tachos, Senhor. Ainda não percebeste, Zé? Não os vês, uma vez por outra na televisão, sorridentes e gordurosos, a soltarem umas postas, a fingir que trabalham para ti, para o teu risonho futuro e bem comum?
Wolfgang Schäuble – Ministro das Finanças alemão
Pierre Moscovici – Vice-presidente da Comissão Europeia
Jeroen Dijsselbloem – Presidente do Eurogrupo.
Donald Tusk – Presidente do Conselho Europeu
Jean-Claude Juncker – Presidente da Comissão Europeia
Christine Lagarde – Directora do FMI
Etc., Etc., Etc.
(Não confundir com Presidência do Conselho da União Europeia com Conselho Europeu) – achei piada a esta elucidativa nota de roda-pé que a net me proporcionou.
Eu, Zé Povinho, pensava que a Esquerda que nos reje, o Partido Socialista, portanto, lutava (dentro das suas discutíveis possibilidades e fluida ideologia) contra esta sinistra Direita que nos oprime, ao contrário dos maus passos dados anteriormente e das reles portas abertas do passado.
Mas não. Estão muito satisfeitos com a satisfação daqueles sátiros, daqueles saprófitas, que nos dão palmadinhas paternais nas costas (e nos costas) e nos aplaudem como bons e aplicados alunos. Afinal temos de ser uns para os outros, o que lá vai lá vai, o Schäuble, que é feio que se farta, afinal nem é má pessoa, o Moscovici e o Dijsselbloem são uns bacanos sempre bem dispostos, o Junker e o Tusk são mesmo capazes de comer umas iscas connosco em Alfama um dia destes e a Lagarde até já usa a laca da Maria de Belém e não tarda aí nas noites de Lisboa.
Mas o melhor, o mais curioso, carismático e luminoso que nos envaidece e nos patriotisa (a juntar ao futebol, ao festival da canção e ao Papa) é a possibilidade de termos um ministro português das finaças finaças a presidir à presidência do eurogrupo, não tarda.
A ir ocupar o lugar daquela sebosa, brilhantinosa e vestibulante personagem dijsselbloemcana que nos fecunda, ofende e despreza e para quem este nosso importante compatriota sorridente e untuoso se curva e abjectamente sorri, sempre que nele tropeça.
Carlos
Descubra as diferenças:
Para quem não saiba (ou não se lembre) aqui vai ainda uma excelente performance do Peter Sellers no excelente filme “Dr. Strangelove”.
Carlos
https://www.youtube.com/watch?v=mzddAYYDZkk (recordar é viver).
