SINAIS DE FOGO – FESTANÇAS AUTÁRQUICAS – por Soares Novais

 

Sabe-se há muito, mas um estudo divulgado há dias confirma-o: os autarcas, que se recandidatam, gastam uma “pipa de massa” em festanças em ano eleitoral. Festanças que custam os olhos da cara aos taxados municipais.

É o que diz um estudo realizado por dois professores da Universidade do Minho que agora foi tornado público: “Nas últimas eleições autárquicas, em 2013, em pleno programa de ajustamento, a despesa total das autarquias aumentou 9,9%, bem acima da receita (3,1%).”

Nada que envergonhe os presidentes-candidatos, já se vê. Para eles o importante é colocar em acção a velha teoria romana de “pão e circo”, adaptando-a aos tempos actuais. E quanto mais cedo melhor. As eleições estão agendadas para o dia 1 de Outubro, mas já não há presidente de câmara ou de junta que se preze que não dê música ao povo e mostre a dentuça para as “selfies”.

A receita é simples: monta-se um palco na praça maior da terrinha, contrata-se uma ou um cantor da moda e lá vai o povo aos magotes para a festança onde, como convém, lá surgirá o/a presidente-candidato/a para uns abraços, umas palmadinhas nas costas e umas “selfies” que serão colocadas no “facebook” para gáudio dos taxados municipais, que assim estampam a sua proximidade com tais celebridades concelhias.

Aliás, o povo faz mesmo questão de agradeçer ao autarca-candidato a noitada e enche-lhe a página do “facebook” com muitas e belas mensagens de reconhecimento. Como esta, por exemplo:

“Parabéns, voçê é um presidente top.”

Tão evidente despudor é alvo de gabanço, pois há sempre um qualquer pateta que diz em público o que lhe vai na alma: com tanta festa as eleições estão no papo.

O problema é só um: às vezes o povo farta-se de tantas “papas e bolos” e não há festanças e “selfies” que os livre de ficar sem o penacho. Por indecência e má figura.

 

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