CARTA DE BRAGA – O NECESSÁRIO E URGENTE RETORNO À POLÍTICA – por ANTÓNIO OLIVEIRA

 

Antes de começarem a ler esta carta devo avisar que, de economia e finanças, apenas sei que o meu mês é cada vez mais comprido. Tento desenrascar-me, cortando até nas coisas que me são importantes, tal como entrar em livrarias e apontar as novidades para quando me sobrarem alguns dias de cada mês.

Digo isto porque, esta carta se baseia em números que nem são meus, foram repescados do Economist, a bíblia (sim, letra pequena!) dos engenheiros tratadores do enorme pecúlio dos donos do dinheiro que confina a pequenez do meu, números de assustar e muito!

Assustar foi a palavra mais económica que consegui descobrir!

Diz aquela bíblia (sim, letra pequena!) que o tal pecúlio escondido em paraísos fiscais, atinge a soma de vinte triliões de dólares, mormente nos instalados no norte-americano Delaware e nos da ainda europeia Londres!

O meu simples e parco pecúlio, atrapalhado no esforço de ultrapassar a demasia dos dias, vai para a Holanda e outros paraísos mais modestos (se os há?!) e não sou eu que o mando para lá!

Diz ainda um articulista de um jornal não muito longe daqui, que os tais paraísos funcionam como prostíbulos do capitalismo, por ali se fazerem negócios escuros que não podem ser confessados publicamente, como se fazia e ainda faz nos prostíbulos à moda antiga (afirmação dele!).

Não se pode dizer que estas conjecturas sejam só de agora, desta época onde as crises se sucedem, fazendo-nos aprender e execrar os nomes dos capatazes que aqueles donos vão colocando nos lugares onde ainda vivem e resistem pessoas, mas que eles olham apenas como meras reduções estatísticas.

Note-se que, há muito tempo se vem apontando a progressiva esfumação do indivíduo socialmente integrado e agindo como tal, tanto pela escolha como pela decisão, levando-o a transmutar-se num mero consumidor apressado e dependente de ecrãs, tecnologias digitais e entretenimento.

Creio que esta transmutação pode ser a matéria base da futura e não longínqua luta de classes, o confronto entre os que a globalização arrebanhou e aqueles outros que os ecrãs vão esfumando!

Creio ainda que não será rápida nem terá intervenientes pré-definidos mas, para não deixar converter este mundo num supermercado gigantesco, terá de garantir o retorno a uma sociedade onde conhecimento e cultura sejam o caminho da política.

Política como energia transformadora, por só ela ter capacidade de reflectir as necessidades do desenvolvimento integral do homem e das sociedades.

Política, conhecimento e cultura constituem-se na possibilidade mais sólida de reduzir e anular tanto a prosápia como a ostentação, bem próprias dos capatazes!

E eles ainda continuam por aí!

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

1 Comment

Leave a Reply