Num dia da semana passada empanquei em duas notícias na primeira página de um jornal diário!
Na primeira, isto pela ordem em que os meus olhos as viram, o ministro Santos Silva afirma que, o risco de os intelectuais serem substituídos pelas redes sociais, ameaça as democracias.
O populismo como cultura política, em crescimento acentuado no mundo ocidental, mormente na Europa e na América, assume-se por ser visto como anti elitismo – quase obsceno, acrescento eu.
O que está a acontecer na Europa dará para milhentas páginas sobre este tema e, na América, a ver até pela crónica de Ferreira Fernandes (no mesmo jornal) sobre um peru presumido, afirma-se que ele, Donald Trump, o presidente do país mais poderoso do mundo, é só um ignorante.
Arrastado por tudo isto, vem o anti pluralismo e um apelo à abordagem moralista e emocional da política, a melhor maneira de questionar o pluralismo base da democracia.
Não se pretende, como não pretendi na crónica sobre os afectos, negar a importância das redes, mas não as entendo como instrumentos de mediação, tanto pelo óbvio de uma foto sem um antes nem um depois, como por não conseguir perceber que o minimalismo dos cento e alguns caracteres, possa desempenhar tal função!
A segunda notícia vem complementar esta, mas com título quase emocional e moralista, dizendo que o actor Carlos Areias vive com cerca de trezentos e quarenta euros por mês, os que correspondem ao Complemento Solidário para Idosos!
Incomoda-me por ser quem foi e o que é agora, apenas mais um exemplo vivo e amargo do abandono a que a Cultura, essa mesma, tem sido tratada por cá e, custa-me muito pensar e até mais escrevê-lo, o facto de Carlos Areias também só poder ser uma razão para selfies depois do aparecimento deste título!
E quantos milhares de carlos areias (assim em letra pequena!) existem por esse país, por só terem sido autores e intérpretes de uma mísera existência, sem ribalta, sem selfies e sem vida!
Não tiveram nem têm redes sociais, a não ser a caridadezinha que tanto têm defendido e celebrado os portadores dos telemóveis de última geração!
E, quase no fim da página, numa crónica subordinada a 1.800 caracteres, fala-se da abalada de um grande e enorme comunicador, o jornalista Pedro Rolo Duarte!
Até sempre, Pedro!
António M. Oliveira
Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor
Obrigada Amigo. Como diria a minha Avó Glória:-“aibro os olhos sinhores, qu’ele há praí cada bez mais carlos areias!!!”
Abraço
Maria Mamede