UMA CARTA DO PORTO – Por José Fernando Magalhães (224)

RAUL BRANDÃO

 

 

RAUL BRANDÃO  (Porto, Foz do Douro (Cantareira), 12 de Março de 1867 — Lisboa, Lapa, 5 de Dezembro de 1930)
(Pormenor de pintura de COLUMBANO BORDALO PINHEIRO)

 

Abram a porta! Sou eu, o Teles! Canalhas! canalhas!…  Ao que eu cheguei!… Um magistrado! Um antigo magistrado no calabouço!

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Que distância há entre o homem e o homem? Entre o homem correcto, o homem de todos os dias e o homem capaz de praticar um crime?
Raul Brandão, O Rei Imaginário (teatro – monólogo)

 

Raul Brandão nasceu há 151 anos na Foz do Douro. Na próxima Segunda-feira, dia 12 de Março, comemora-se o seu dia nessa Freguesia da cidade do Porto. Escreveu grande parte da sua obra na casa onde viveu, na Cantareira, antes de rumar a outras paragens, Guimarães (1896) …  Lisboa.

 

CANTAREIRA – FOZ DO DOURO

Por ocasião deste aniversário, dois eventos vão marcar o dia de Raul Brandão.

Ao fim da tarde, às 18h30, realiza-se mais uma sessão da Foz Literária, sempre sob a batuta excepcional do Dr. José Valle de Figueiredo, sendo que o tema principal é a obra e a  vida do escritor da Foz do Douro, assim como uma re-apresentação do livro da autoria do dr. Joaquim Pinto da Silva que, no Domingo, 11, será apresentado na Cantareira e cujo convite segue no final desta crónica.

 

CAPA DO LIVRO A APRESENTAR NO DIA 11 DE MARÇO DE 2018

 

Comunicado de Imprensa (parte)

 

Citando Manuel Mendes em “Roteiro Sentimental: Douro” (Sociedade de Expansão Cultural, 1964):

“E nas minhas visitas à Foz raro é que não vá à Cantareira, espreitar a casa em que nasceu Raul Brandão…meu mestre e meu amigo – deslumbramento inesquecível da minha juventude de incipiente sonhador, que ele acalentou a um fogo ardente e magnífico.

É uma ruazinha estreita e sinuosa a que deram o nome do escritor. A pequena casa tem dois pisos, as janelas e as portas emolduradas de grossa cantaria de granito. Nunca sequer ali tentei entrar, porque não sei quem hoje lá mora, quem habita debaixo daquelas telhas, e temo que me confranja o que irei ver…

… as coisas decerto mudaram, estão irreconhecíveis. Não encontro quase nada do que aprendi nos momentos de evocação que de repente surgem, aqui e ali, nalguns passos da obra. O tempo se encarregou de transformar de todo as coisas, varrer como uma onda o que ainda restava do passado, não muito distante, mas que bem digno era de ser conservado na reconhecida memória dos homens.

 … Olho para a casa e para o largozito com a igreja, onde não vislumbro toque de encanto sequer, e julgo que um vento de desdém tudo arrasou.…”

Pois Manuel Mendes não podia reconhecer a casa de Raul Brandão, pois não é aquela.

A casa que foi mesmo propriedade do escritor, e antes de seu Pai, é a da morada que ele tantas vezes deu, nomeadamente a Teixeira de Pascoaes; Cantareira, 61, hoje Rua do Passeio Alegre, 254.

O autor, conhecedor da obra de Brandão e da História da Foz do Douro, desde cedo intuiu que as páginas referentes à sua morada, as suas descrições interiores e a paisagem, os elementos sociais, não podiam corresponder à casa da Rua da Bella Vista, 62, hoje Rua Raul Brandão (onde figura uma placa comemorando o seu nascimento).

Pegou em excertos como este d’Os Pescadores:

“Sento-me nos degraus da minha velha casa e sei a vida toda desta gente. Ali defronte são os tanques, onde vinte, trinta mulheres de saias arregaçadas lavam a roupa suja. Gritos, rixas, alarido. Um momento de silêncio e ouve-se o bater compassado da maré que vai, vem e lhes molha as pernas nuas.”

E confrontou-o com esta imagem (os tanques na sua antiga posição à época do escritor):

E disto trata o Cantareira, 61. Joaquim Pinto da Silva prova literária e factualmente que a casa importante de Raul Brandão na sua cantareira, Foz, é a Cantareira, 61.

É essa que doravante deve ser citada e estudada em ligação estreita à obra que a identifica.

 

CONVITE

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER

8 de Março de 1857 – Operárias da indústria têxtil de Nova Iorque fazem greve pela igualdade de salários e redução para as 10 horas de trabalho por dia. São fechadas na fábrica e no incêndio seguinte morrem 130 mulheres.

Por este motivo, na Dinamarca, em 1910, em homenagem àquelas mulheres, foi declarado o Dia Internacional da Mulher.

 

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