CARTA DE BRAGA – “A alma e o shaker” – por ANTÓNIO OLIVEIRA

 

 

Há já uns tempos que vou guardando conceitos e aforismos recolhidos em jornais, revistas, livros, na net e outros lugares que visito para me formar e informar, saber do mundo que me rodeia, o mundo aqui ou outro qualquer mais longe, para lá das raias físicas e mentais que nos lembram continuarem em vigor, tanto lembranças como fronteiras!

Não quero avocar os donos dessas raias, nem quero lembrar outros tempos que também vivi, mas a pequena crónica semanal que este blog me autoriza, também serve para ir mostrando aos meus eventuais leitores, que a palavra escrita, principalmente a do livro, se constituiu durante séculos, como a fonte principal do conhecimento.

Livro saído da escrevedura feita em milhares de diversos e espantosos suportes, do trabalho admirável dos copistas, dos incunábulos antes da imprensa, dos livros primevos que continuam a encantar todos os que ainda encontram na leitura a motivação principal para saltar todas as raias.

Às vezes junto conceitos e aforismos, outras vezes uso-os para documentar ou fundamentar um qualquer juízo, mas hoje resolvi basear-me nalguns para explicar uma ideia que me tem vindo a azucrinar.

Tudo começou quando reli uma crónica antiga de Manuel Vicent no “El País”, em que o jornalista, escritor e filósofo afirma, no somos más que una coctelera de electrones dentro de la cual se agita el alma!

Um uso espectacular para o shaker, no qual nunca tinha pensado!

Também pode ser entendido ou interpretado, seguindo as crenças que se professam, por nelas estar sempre em questão a relação que cada um tem com Deus que, diz Baudelaire, é o único ser que, para reinar, nem precisa existir!

Uma existência real para todos os que acreditam Nele e real também para os que O rejeitam, pela necessidade assumida em O negar!

Não tomo partido nem me compete fazê-lo, prefiro salientar o modo como cada pode olhar a alma (a do shaker!), vista assim como um depósito de pecados talvez problemáticos se for protestante, ou para limpar mais ou menos tranquilamente, se estiver em frente ou ao lado de um prior católico.

Será essa a função do prior, agitar os pecados no shaker para que o pecador se possa olhar em quietude? Ou será bom tê-lo como companhia sempre que for bom e preciso agitar, para poder caminhar tranquilo a rota da salvação?

E a azucrinação chegou com uma frase, lida há já umas semanas, onde se afirma que os homens que gostam muito de mulheres quando novos, se tornam coleccionadores de antiguidades quando envelhecem!

O que é que deixa de funcionar? Os electrões ou o shaker?

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

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