2 DE ABRIL -DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL

No dia 2 de Abril comemora-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen.

A partir de 1967, este dia passou a ser designado por Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância.

Para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil 2018, a DGLAB convidou a ilustradora Fátima Afonso, vencedora do Prémio Nacional de Ilustração do ano passado, para ser a autora da imagem do cartaz. Os cartazes vão ser enviados pelo correio para algumas Bibliotecas e livrarias.

A mensagem do IBBY internacional, este ano da responsabilidade da Letónia, consta de um texto da escritora INESE ZANDERE, e de um cartaz do ilustrador Reinis Petersons. Pode ser encontrada em http://www.ibby.org/awards-activities/activities/international-childrens-book-day/icbd-2018/?L=0.

 

Fátima Afonso (Torres Novas, 1962)

Licenciada em pintura pela faculdade de Belas Artes de Lisboa, é ilustradora e professora de Artes Visuais.
A partir do ano 2000 dedicou-se à ilustração de livros para crianças, tendo já, no seu currículo, mais de 20 livros publicados.

Em 2012 fez parte da seleção de ilustradores que representaram Portugal na exposição «Como as Cerejas», apresentada na Feira do Livro Infantil de Bolonha quando Portugal foi país-tema.
Em 2014, o projeto Sonho com Asas, que viria a ser publicado como livro, em 2016, pela editora Kalandraka, valeu-lhe o 2º Prémio do VII

Prémio Internacional Compostela de Álbuns Ilustrados.
Em 2017, foi nomeada para o Prémio Autores SPA /RTP, na categoria de Literatura / Melhor Livro Infanto-Juvenil, com a obra Sonho com Asas. Ainda nesse ano, venceu o Prémio Nacional de Ilustração com a mesma obra.

 Mensagem de INESE ZANDERE:

“O pequeno torna-se grande num livro As pessoas inclinam-se para o ritmo e para o equilíbrio, tal como a energia magnética organiza as aparas de metal numa experiência da física, tal como um floco de neve forma cristais a partir da água. Num conto de fadas ou num poema, as crianças gostam de repetição, de refrãos e de temas universais, porque eles podem ser reconhecidos uma e outra vez – trazem ao texto regularidade. O mundo ganha uma ordem bonita. Ainda me lembro como, em criança, lutava comigo mesma para defender a justiça e a simetria, pela igualdade de direitos da esquerda e da direita: se tamborilava com os dedos em cima da mesa, contava quantas vezes tinha de bater com cada dedo, para que os outros não se sentissem ofendidos. E quando aplaudia, batia com a mão direita na esquerda, mas depois pensava que não era justo e aprendi a fazê-lo de maneira contrária – batendo com a esquerda na direita. Este desejo instintivo de equilíbrio parece engraçado, é certo, mas mostra a necessidade de evitar que o mundo se torne assimétrico. E eu tinha a sensação de ser a única responsável por todo o seu equilíbrio. A inclinação das crianças por poemas e por histórias surge igualmente da sua necessidade de levar harmonia ao caos do mundo. Da indeterminação, tudo tende para a ordem. As canções infantis, as canções populares, os jogos, os contos de fadas, a poesia – são formas de existência ritmicamente organizadas que ajudam os mais pequenos a estruturar a sua presença no grande caos. Criam a consciência instintiva de que a ordem do mundo é possível, e que as pessoas têm nele um lugar único. Tudo conduz para este objetivo: a organização rítmica do texto, as linhas com letras e o design da página, a impressão do livro como um todo bem estruturado. O grande revela-se no pequeno, e damos-lhe forma nos livros infantis, mesmo quando não estamos a pensar em Deus ou na dimensão fractal. Um livro infantil é uma força milagrosa que favorece o enorme desejo das crianças e a sua capacidade de ser. Promove a sua coragem de viver. Num livro, o pequeno é sempre grande, de forma instantânea e não apenas quando se chega à idade adulta. Um livro é um mistério onde se pode encontrar algo que não se procurava ou que não estava ao nosso alcance. Aquilo que os leitores de uma certa idade não conseguem compreender, permanece na sua consciência como uma impressão, e continua a atuar mesmo quando não o compreendem totalmente. Um livro ilustrado pode funcionar como uma arca do tesouro de sabedoria e cultura mesmo para os adultos, da mesma forma que as crianças podem ler um livro para adultos e encontrar nele a sua própria história, um indício para as suas jovens vidas. O contexto cultural molda as pessoas, estabelecendo as bases para as impressões que se farão sentir no futuro, assim como para experiências mais difíceis, às quais terão de sobreviver sem por isso terem de deixar de ser íntegras. Um livro infantil representa o respeito pela grandeza do pequeno. Representa um mundo que se cria de novo uma e outra vez, uma seriedade lúdica e preciosa, sem a qual tudo, incluindo a literatura para crianças, seria apenas um trabalho pesado e vazio. INESE ZANDERE, nascida na Letónia em 1958, é poeta e uma das maiores escritoras de livros para a infância do seu país. Tradução: Maria Carlos Loureiro, feita a partir da versão francesa e espanhola.”

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