CARTA DE BRAGA – “Presunção de Indecência” – por ANTÓNIO OLIVEIRA

 

 

Este título foi roubado da crónica de um opinador residente num sério e honesto órgão de informação!

Um roubo que ele me desculpará, apesar de quase ter a certeza de nunca vir a ler esta simples e modesta Carta de Braga!

Já não me lembra bem a matéria que ele referia, mas este título parece-me escandalosamente actual, a ver o que estes tempos nos levam a passar cá no Eucaliptal!

Será assim conveniente, explicar o motivo que me traz a esta matéria, pela grande quantidade de instituições e estatuições envolvidas no caso da poluição no Tejo!

Socorro-me, para isso, de alguns títulos e considerações tirados, não roubados, de outros órgãos de comunicação deste rectângulo eucaliptado, aqui apontados com as respectivas datas da publicação.

 

Poluição no Tejo gera queixa-crime e denúncia à Comissão EuropeiaPúblico, 20.11.17

Remoção de espuma no Tejo é operação estética e não resolve poluição do rioSábado, 27.01

MP abre inquérito a empresas acusadas de poluir TejoJ.N., 27.01

Computador com dados da investigação à Celtejo roubadoZAP, 24.01.18

Poluição no Tejo teve origem na indústria da pasta de papel

Valores de celulose estão cinco mil vezes superiores aos recomendados. Celtejo é responsável por noventa por cento das descargas feitas naquela região – O Mirante, 31.01

Poluição no Tejo: Amostras na Celtejo só à quarta tentativa e com três inspectores em permanência

“A recolha de amostras na indústria Celtejo teve por duas vezes problemas ao nível do colector automático que não recolheu o líquido por razões que desconhecemos. Na terceira tentativa, pedimos o apoio da GNR, do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente e esse colector foi guardado. Durante 24 horas o colector funcionou, no entanto, apenas recolheu no final alguma espuma e muito pouco líquido”.

Sobre a contribuição para o caudal, a Celtejo é a mais representativa com 70,82%, seguindo-se a ETAR de Abrantes (15,3%), Navigator (6,85%), a Paper Prime (3,30%), a ETAR de Mação (2,77%) e a ETAR de Vila Velha de Rodão (0,96%).

Relativamente à carga orgânica, a Celtejo tem 89,81%, seguindo-se a ETAR de Abrantes (5,2%), a Navigator (2,73%), a ETAR de Mação (1,09%), a Paper Prime (1,04%) e a ETAR de Vila Velha de Rodão (0,32%) – Negócios, 05.02

Inquérito por crime de poluição no Rio Tejo em segredo de justiçaRTP, 10.02

Celulose é a grande culpada da poluição no Tejo, assume Ministro do AmbienteGreen Savers – 16.02

VILA VELHA DE RODÃO: DEPUTADO DO PSD ACUSA CELTEJO DE POLUIÇÃO NO TEJORCM, 18.02.16

Redução de coimas nos crimes ambientais “é desoladora”

É assim que o ministro do Ambiente vê algumas decisões judiciais relativas a crimes ambientais, aos quais estavam aplicadas coimas administrativas de cem mil e 50 mil euros e que acabaram por se transformar “numa doação de 500 euros a uma instituição de bombeiros”DN, 30.03.18

 

A maior anormalidade neste conjunto de recortes está no facto de um político, ainda mais governante, vir a público manifestar a desolação por uma decisão judicial!

O resto apontado é tão banal – o desaparecimento do computador, o segredo de justiça e o exame só ter sido conseguido à quarta tentativa (mas fraquinho!) – que nem sequer merece os 140 caracteres de um tweet.

Saliente-se que na informação maioritariamente praticada no Eucaliptal, está sempre presente o conceito de presunção de inocência, a não ser que isso não convenha aos seus decisores e os exemplos são diários e gritantes.

Curiosamente (sabe-se lá porquê!) nada do que refere a poluição no maior e mais importante rio do rectângulo, deu origem a detenções televisões a assistir para mostrar depois, como a divulgação das cópias de interrogatórios e todas as normalidades a que nos têm habituado!

Tenho cá para mim que aquela tão celebrada presunção de inocência bem podia ser trocada por uma outra, mas anormal, Presunção de Indecência!

 

António M. Oliveira

 

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

 

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