Introdução
(Júlio Marques Mota, 18 de Fevereiro de 2019)
Com esta serie de textos sobre a trajetória do euro nestes seus vinte anos de vida difícil , tomamos como eixo central da série, por um lado, o que os neoliberais e defensores do euro consideravam que seriam os resultados económicos obtidos com a criação da moeda única, e por outro lado, os resultados económicos a que se chega nestes 20 anos de moeda única.
Nesta base, procura-se perceber quais as razões explicativas para o facto de que os resultados económicos obtidos tenham sido opostos aos que nos foram sucessivamente anunciados pelos defensores do euro.
Mais ainda, ao longo de vários destes textos levanta-se a questão de saber se os resultados a que se chega são ou não são, afinal, coerentes com a arquitetura da União Europeia. Como é evidente, se esta coerência é estabelecida, o que é então incoerente são os resultados esperados pelos ideólogos do euro e propalados pela Instituições Europeias, pelos seus ideólogos e pelos media e centros de reflexão ao seu serviço.
Portanto, se considerarmos, como se considera, que os resultados são coerentes com a estrutura institucional da EU, com a sua arquitetura, então para mudarmos de resultados, o que é urgente, impõe-se que haja uma significativa mudança de arquitetura da própria União Europeia ou, parafraseando Martin Wolf, podemos com ele dizer que a Europa estará condenada ao sucesso mas para isso tem de mudar muita coisa.
Nesta lógica, estamos bem acompanhados por autores como Martin Wolf (Financial Times), Bruno Colmawnt (Les Echos) dois dos mais importantes jornais financeiros europeus, Jacques Sapir, Ashoka Mody, (Universidade de Princeton) Antonio Lettieri, (Editor de Insight and Presidente do CISS – Center for International Social Studies (Roma), Heiner Flassbeck, Olivier Delorme e Joseph Stiglitz, entre outros.
Como introdução à série e tendo como principais destinatários os eleitores habituados a estudar temas de economia e na base de análise gráfica, começaremos por apresentar uma síntese de dois trabalhos importantes de Patrick Artus, diretor de um importante banco de investimento francês, NATIXIS, onde se sintetiza o que se esperava alcançar com a moeda única e o que de facto se alcançou com ela. Nada tem a ver uma coisa com a outra. Naturalmente assim, é depois o que nos explicarão vários dos restantes textos, textos estes que desenvolvem muita da sua argumentação em torno das questões levantadas por Patrick Artus.
Aos leitores não habituados a este tipo de análise leiam pelo menos o texto de Artus mesmo que dispensem os seus gráficos.
Boas leituras.
Júlio Marques Mota
O primeiro texto desta série será publicado amanhã, 19/02/2019