Brexit ou Borexit? O que mais me preocupa… Por Victor Hill

Espuma dos dias

Seleção e tradução de Júlio Marques Mota

Brexit ou Borexit? O que mais me preocupa…

Victor Hill Por Victor Hill

Brexit or Borexit? What worries me most…

Publicado por Master investor em 12 de julho de 2019 (ver aqui)

Brexit or Borexit
Alexandros Michailidis / Shutterstock.com

Boris Johnson é o favorito na corrida à eleição para ser eleito como novo líder do Partido Conservador pelos seus membros – embora não seja um homem morto. Mas o seu futuro como primeiro-ministro já está carregado de dúvidas sobre a sua credibilidade e legitimidade, diz-nos Victor Hill.

_________________________

Boris: a questão da credibilidade
Primeira Questão: Aptidão para o cargo
Segunda Questão: Ele tem quase zero por cento de probabilidades de renegociar o acordo da Sra. May
Terceira Questão: Propostas não orçamentadas de redução de impostos e aumento de despesas
Anarquia no Reino Unido?

_________________________

Boris: a questão da credibilidade

Há cinco razões principais pelas quais a provável nomeação de Johnson como líder partidário pelos 165.000 membros que pagam quotas no Partido Conservador do Reino Unido (ou serão 160 000? – ninguém parece saber exatamente) será política e constitucionalmente problemática – com potenciais perigos para os mercados financeiros do Reino Unido.

A primeira é o papel do monarca na nossa ainda não escrita constituição. A sabedoria convencional é que a nossa monarca, HM The Queen (“HMTQ”), deve nomear como PM um membro da Câmara dos Comuns que seja provavelmente considerado capaz de dirigir uma maioria na Câmara no caso de ser apresentada uma moção de censura ao Governo de Sua Majestade (HMG). Estudei longamente como é que esta “convenção” (como é chamada) se desenvolveu – mas vou poupar os leitores sobre a história constitucional e focar-me apenas onde estamos agora.

Se for nomeado PM a 24 de Julho, Johnson não irá quase certamente dirigir uma maioria na Câmara dos Comuns. Os deputados que assumem as rédeas do Partido conservador estão agora reduzidos a cerca de 311 (dos 650 deputados menos sete abstencionistas do Sinn Féiners).

Quando Theresa May foi chamada ao Palácio em 13 de Julho de 2016 ela era a  patroa de uma maioria conservadora no Parlamento  de 17 lugares, herdada de Cameron quando este saiu. Quando ela foi reconduzida por HMTQ na manhã de 9 de junho de 2017 (depois de uma eleição desesperadamente mal controlada) ela poderia prospectivamente estar à frente de uma pequena maioria na Câmara dos Comuns com o apoio dos dez membros do Partido Democrático Unionista (DUP).

Desde aquela eleição fracassada e os esforços nobres (mas sem sucesso) da senhora May para conseguir fazer passar no Parlamento o seu acordo relativo ao  Brexit, os conservadores têm sido atingidos por uma onda de deserções – e a coligação informal com o DUP tem sido esticada até ao ponto de rutura. Os numerosos membros do Parlamento apoiantes de de Anna Mary Soubry, os Soubrinis, estão agora sentados nas bancadas da oposição, tendo optado pelo esquecimento, e desertado para um partido político que nem sequer consegue pôr-se de acordo sobre o seu nome como partido. E a hemorragia dos votos conservadores na Câmara continua. Em 1 de agosto, as eleições parciais de Brecon e Radnorshire serão muito provavelmente ganhas pelos Lib-Dems.

Além disso, há cerca de 30 deputados conservadores, de acordo com o deputado Sam Gyimah, que não apoiariam um governo liderado pelo Sr. Johnson no caso de uma moção de censura após um Brexit sem acordo. Portanto há uma razão muito boa para duvidar que o Sr. Johnson sobreviveria a tal moção e, ipso facto, HMTQ não seria obrigada, constitucionalmente falando, a nomeá-lo como PM.

É por isso que existe agora uma tentativa de mudança institucional, uma proposta melho articulada e apresentada pelo deputado Sir Ed Davey, um dos dois candidatos para ser o próximo líder dos Democratas Liberais, em que se propõe que haja um governo de unidade nacional tendo à sua frente alguém que não seja o líder de nenhum partido importante. Naturalmente, a questão de se saber quem poderia ser esse mediador honesto é altamente discutível, mesmo para aqueles que defendem que se caminhe neste sentido. O nome da deputada Yvette Cooper foi sugerido. (Posso ouvir os ruídos de desagrado soprados pelos meus amigos Brexiteer enquanto escrevo isto na remota Norfolk.)

A segunda razão é que o processo seletivo dentro do Partido Conservador era profundamente suspeito… Muitos membros do partido receberam dois (ou possivelmente até mais) boletins de voto porque eles estão filiados em duas ou mais secções do eleitorado. Mas a acusação de que alguns membros votaram duas vezes continuará a pairar no ar como um mau cheiro. Porque é que o PM deve ser escolhido por uma faixa estreita de apparatchiks, afinal? Eu não vejo qual a razão para que este método seja mais “democrático” do que o método do círculo mágico através do qual as grandezas conservadoras surgiram como líderes em tempos menos neuróticos.

A terceira razão é que muitas, se não a maioria, das pessoas que terão votado em Boris Johnson não são verdadeiros Conservadores. Muitas delas são/ou foram “entristas”, principalmente do UKIP, que se juntaram ao partido nos últimos doze meses, precisamente para influenciar a política do partido conservador no Brexit. Não vendo nenhum futuro no UKIP, pós-Farage, e desesperados com a sucessão de líderes pouco inspiradores do UKIP, estes indivíduos calcularam corretamente que os conservadores poderiam ser transformados de Partido Conservador e Unionista em Partido Conservador e Partido de Brexit Duro. A nível dos círculos eleitorais, muitos destes novos membros têm estado por detrás das tentativas de abafar conhecidos conservadores que são contra o Brexit  e mesmo os deputados conservadores que são a favor de um Brexit suave. Foi o que aconteceu com o deputado David Gauke, o Ministro da Justiça.

Seria difícil provar que o Sr. Johnson ganhou em virtude dos votos dos ex-inscritos no UKIP. Mas há algo ainda mais flagrante sobre a eleição de liderança Tory. Isto é – o meu quarto ponto – que cerca de 60 por cento dos 160.000 (ou seja lá o número que for) membros votaram num partido outro que não o Partido Conservador nas eleições mais recentes. Refiro-me, evidentemente, ao facto de a maioria dos membros portadores de cartões do Partido Conservador terem votado no Partido Brexit do senhor deputado Farage nas eleições para o Parlamento Europeu de 23 de maio. (Para que conste, sou um conservador que votou nos conservadores em 23 de maio – o que me faz muita comichão no nariz.)

De acordo com as próprias regras internas do Partido Conservador, qualquer membro do Partido Conservador que vote contra os Conservadores numa eleição é passível de expulsão. Os leitores devem estar recordados de que Lord Heseltine, antigo vice-primeiro-ministro dos conservadores, teve a pena de suspensão do partido por ter declarado que iria votar a favor dos Liberais Democratas nas eleições europeias. Por conseguinte, por direito, cerca de 96.000 membros conservadores deveriam ter sido expulsos do partido no final de maio – e certamente não deveriam ter tido o direito de votar nesta eleição para a liderança do partido.

A minha quinta razão é que, extraordinariamente, o senhor Johnson terá ganho a corrida à liderança, não por ter ganho na argumentação mas por evitar discutir com os outros candidatos. É evidente que os seus conselheiros estavam tão nervosos de que Boris pudesse meter os pés pelas mãos (put his foot in his mouth) dizendo que estava confinado aos seus aposentos durante toda a disputa eleitoral. Ele tem deliberadamente evitado abordar em detalhe as questões dominantes da atualidade, porque os seus pensaram que ele se iria afundar. Se até mesmo eles têm tão pouca confiança nele, então porque é que nós a deveríamos ter? Todos compreendem que, uma vez no poder, o senhor deputado [Boris] Johnson não poderia ser contido dessa forma.

Portanto, há a questão constitucional e há a fraca legitimidade do próprio processo eleitoral dos Conservadores. Tudo isto pode parecer um pouco confuso, mas significa que, se Boris for nomeado Primeiro-Ministro em 24 de julho por HMTQ, começará a debater-se com sérios problemas de legitimidade e confiança. Isso poderia não ser tão intransponível como pode parecer à primeira vista se não houvesse três outras grandes questões que confluem contra os interesses de Johnson.


Primeira Questão: Aptidão para o cargo

Não me interessa quantos filhos tem o senhor deputado Boris Johnson. Na verdade, eu nem me importo que ele não saiba quantas crianças é que terá gerado. O próprio Boris é, afinal, o produto de séculos de miscigenação aristocrática em toda a Europa e muitos dos seus antepassados eram bastardos reais (de um tipo ou de outro). Isto tudo, poder-se-á dizer, está nos genes. (O Sr. Cameron era também um descendente de um bastardo real, por isso já estamos habituados no Partido Conservador.)

Por favor, nunca me diga, no entanto, que esse caráter não importa. O caráter, como Heráclito disse, é o destino. O drama grego clássico baseou-se nessa ideia – como o senhor deputado Johnson sabe.

Líderes excecionais têm a capacidade de inspirar confiança e lealdade nos seus seguidores e até mesmo de conquistar a confiança dos seus adversários. A City de Londres tornou-se o centro inigualável das finanças globais no século XIX, com base no princípio de que a minha palavra é o meu título. A confiança, como explicou o Professor Fukuyama, é o cimento que une as sociedades capitalistas modernas.

Boris Johnson não inspira confiança. Na semana passada, Lord Adonis disse na Câmara dos Lordes que Boris Johnson não acredita em nada além de Boris Johnson. Os Lordes murmuraram a sua aprovação. Sabemos agora que Boris Johnson, mesmo como Ministro dos Negócios Estrangeiros, não teve a confiança sequer de uma certa inteligência estratégica crítica.

O que é mais chocante é que a maioria dos deputados conservadores não confiam nele. Aqui temos uma mensagem de Sir Roger Gale na semana passada endereçada aos seus eleitores em East Kent:

A minha verdadeira preocupação, e que os deputados conservadores que tencionam votar em Boris Johnson poderiam considerar… é que o homem que pretende assumir o cargo de dirigir o nosso país deve andar muito mal informado. É inconcebível, ou não é, que antes de sua visita a West Kent ele não tenha sido informado sobre uma das questões mais significativas, surgida do Brexit, com que o Condado poderia, num futuro imediato, debater-se … O domínio do detalhe, por parte de Boris Johnson, parece ser mínimo como é exemplificado pela sua intervenção desastrosa, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros, no caso de Sra. Nazanin Zahari Ratcliffe, a jovem mãe ainda definhando numa prisão iraniana. Uma coisa é uma abordagem “ampla” da política. Preguiça e descuido num Primeiro Ministro é algo completamente diferente [i]….

Agora sei que Sir Roger se parece com a personagem fictícia Sir Bufton Tufton do jornal Private Eye – o cavaleiro permanentemente indignado dos Shires. Mas, para ser justo, ele tem tido um registo histórico brilhante como deputado no Parlamento – apoiando questões de bem-estar dos animais muito antes de elas se terem tornado moda. Eu sei que ele não teria escrito isso sem uma reflexão profunda.

Ou, aqui está um excerto de uma mensagem que recebi há alguns dias do presidente de uma Associação de Conservadores que, por razões óbvias, permanecerá anónima:

Johnson é um amoral chanceler oportunista. Aqueles que o conhecem bem sabem disso, mas muitos deles são eles mesmos chanceleres amorais oportunistas. No entanto, parece que ele fez um acordo, pois a sua campanha tem incentivado os seus apoiantes a votarem cedo antes que ele cometa mais erros… Nos últimos dias, eles têm atacado Hunt a propósito da caça [à raposa] – embora Johnson também tenha votado para revogar a proibição da caça…

Na quarta-feira (10 de julho) Sir Alan Duncan, o ministro dos Negócios Estrangeiros (reconhecidamente não é um seu grande fã) acusou Johnson de “para seu benefício, sacrificar Sir Kim Darroch”. Johnson, ao contrário de Hunt, recusou-se a comparecer em defesa do nosso homem em Washington durante o debate televisivo de terça-feira. Sir Alan, tal como o Sr. Stewart, é um dos mais de 100 deputados conservadores (possivelmente mais) que se recusariam a servir sob o comando do Sr. Johnson.

O Sr. Johnson tem sido capaz de participar numa campanha sem fazer campanha, porque ele é uma celebridade e não um político. Ele é literalmente alguém, como Paris Hilton ou Kim Kardashian, que é sobretudo famoso por ser famoso. (Mr Johnson tem uma cabeleira loira; Ms Kardashian tem um traseiro generoso.) Como ele construiu a expectativa de que vai ganhar, assim prometeu patrocínio a tudo e todos, recrutando assim o seu apoio.

O lema da sua campanha foi que ele foi um excelente prefeito de Londres. Muitas pessoas que realmente trabalhavam na Câmara Municipal durante o seu mandato discordam desta afirmação. Ele é amplamente considerado como tendo sido preguiçoso, mas sortudo. Toda a máquina Telegraph-Spectator foi acionada para exaltar as suas virtudes. De acordo com Charles Moore, um escritor e comentador que eu respeito, Boris tem um talento para se cercar de pessoas excecionais para quem ele delega extensivamente.

Durante o tempo em que Johnson foi editor do The Spectator, como nos diz o Sr. Moore, a tiragem aumentou significativamente, apesar de Johnson quase nunca ter aparecido nos escritórios da revista. O Sr. Moore infere que ele irá fazer um bom PM porque vai deixar que os especialistas se deem bem e sigam em frente com o essencial enquanto o líder irradia otimismo e bem estar para todos.

O Daily Borisgraph (se é que lhe posso chamar assim) continuou sem vergonha a defender a causa do seu homem, orquestrada sem dúvida por um par de marionetes bilionárias, a partir do seu paraíso fiscal offshore nas Ilhas do Canal da Mancha. Além do seu tempo como deputado e prefeito, toda a carreira jornalística de Boris foi gasta na folha de pagamento dos bilionários irmãos Barclay.

Pelo menos Michael Deacon, do The Daily Telegraph, foi autorizado a revelar que, de acordo com uma sondagem efetuada pelo gabinete de Lord Ashcroft, apenas 10% dos eleitores contratariam Boris para guarda de crianças. Para ser justo, a seção de negócios do DT deve ser lida – mesmo que o jornal principal (incluindo a coluna de Boris) seja eminentemente reciclável.


Segunda Questão: Ele tem quase zero por cento de probabilidades de renegociar o acordo da Sra. May

A diplomacia moderna e as relações internacionais baseiam-se em grande medida em relações interpessoais estreitas. Na era da tecnologia e das comunicações instantâneas, os líderes globais – em especial com a União Europeia – estão em constante contacto uns com os outros. Quando Emmanuel Macron e Angela Merkel se abraçam nas cimeiras é porque falam uns com os outros todos os dias.

Nenhum líder europeu chamará regularmente Boris Johnson porque não gostam nem confiam nele. Na verdade, também não o admiram muito – as suas leves e alegres brincadeiras traduzem-se mal em alemão ou sueco. Em todo o caso, Juncker, Tusk, Barnier & Co. não terão qualquer incentivo para negociar com Boris, uma vez que passarão à “reforma” a partir da meia-noite de 31 de outubro. A nova Comissão Europeia, presidida pela deputada federalista Ursula von der Leyen, não quererá fazer concessões a alguém que considera populista por receio das consequências que daí advirão em Itália e noutros países.

Agora que o Partido Trabalhista desde terça-feira (9 de julho) se tornou, de facto, um partido Remainer (procurando, naturalmente, fazer um torniquete à hemorragia dos votos dos Trabalhistas para os Liberais-Democratas), não há qualquer hipótese de a oposição apoiar uma versão revista do Acordo de Saída  – mesmo que a barreira irlandesa fosse cirurgicamente retirada e todos os céticos “Conservadores defensores do Brexit” tivessem sido conquistados.

Se o Sr. Johnson pensa que pode conduzir o país através de um Brexit sem acordo, prorrogando o Parlamento, é agora evidente que todo um establishment, liderado pelo antigo Primeiro-Ministro John Major, o colocará – literalmente – no banco dos réus. Se pensam que temos estado a atravessar uma crise política nestes últimos três anos, esperem pelo ato final.


Terceira Questão: Propostas não orçamentadas de redução de impostos e aumento de despesas

Em seguida, considere que a extensão das promessas do Sr. Johnson sobre impostos e despesas se torna cada vez mais improvável de dia para dia. Ele quer reduzir os impostos sobre o rendimento para o bem de todos e, ao mesmo tempo, aumentar as despesas numa série de questões: nomeadamente a formação de 20.000 novos polícias, mais dinheiro para a educação, infraestruturas e para o meio ambiente. Ele promete aumentar o limiar para o pagamento das contribuições para a Segurança Social para os baixos salários e aumentar o limite máximo para as grandes pensões de reforma (o “subsídio vitalício”). (Esta última medida é de interesse atual, uma vez que alguns consultores hospitalares se têm recentemente recusado a trabalhar porque enfrentam uma taxa de imposto marginal efetiva de 90 por cento sobre rendimentos superiores a 110.000 libras esterlinas). Ele quer reduzir as taxas sobre a atividade económica (tal como o Sr. Hunt) e reduzir o imposto sobre as sociedades.

O Sr. Johnson anunciou em 8 de julho a sua intenção de tributar os FANG [as ações das empresas de tecnologia de alto desempenho] de forma mais robusta. Esplêndida ideia! O problema é: como? Se fosse assim tão fácil já teria sido conseguido.


Anarquia no Reino Unido?

A questão fundamental para os investidores – sejam eles britânicos ou estrangeiros – é o risco de uma liderança altamente disfuncional se poder traduzir numa grande perda de confiança na economia britânica. Isto poderia manifestar-se como uma crise de mercado, ou uma cessação do fluxo de investimento direto estrangeiro no Reino Unido – ou ambos em conjunto. A libra esterlina já está sob ataque consistente: $1,20 parece estar próximo.

Os fluxos de investimento para o Reino Unido já estão bem abaixo desde 2016 e sabemos que os exportadores britânicos têm adiado decisões de investimento até que o cenário pós-Brexit se torne mais claro. No caso de um Brexit sem negociação à meia-noite de 30 de outubro (“Do or die”), podemos ter certeza de que, não apenas o investimento cairá para zero, mas o desinvestimento – a deslocalização da produção para outros lugares – irá acelerar. Para além do Brexit, há já muitas provas de que o receio de uma ascensão de Corbyn já está a privar o sector energético britânico de novos investimentos [ii].

Apesar das exortações dos Brexiteers (eu próprio também sou culpado), o facto é que o Brexit – ou pelo menos o fracasso da classe política britânica em entregar o Brexit – causou enormes danos à reputação da Grã-Bretanha no estrangeiro. Muitos britânicos não compreendem que, até muito recentemente, a maior parte do mundo considerava a Grã-Bretanha um país politicamente estável, justo, próspero e civilizado, com uma cultura vibrante. Mas, neste momento, somos motivo de chacota: e uma ascensão de Johnson a Primeiro-Ministro pode não parecer apenas engraçada, mas engraçada e bizarra.

O que podemos fazer para mitigar os riscos de um iminente primeiro-ministro Johnson? Não muito – a menos que decidamos viver noutro lugar. A nação sobreviverá (mesmo que a União esteja em perigo) – embora seja expulsa do palco internacional como um candidato a um concurso de talentos.

Espero estar errado.

________________________

Notas

[i] Gale’s View, 03 July 2019.\

[ii] Ver: https://capx.co/labours-misguided-energy-policy-is-already-costing-britain/?omhide=true&utm_source=CapX+briefing&utm_campaign=10035cb671-EMAIL_CAMPAIGN_2017_07_17_COPY_02&utm_medium=email&utm_term=0_b5017135a0-10035cb671-241824097

_______________________

O autor: Victor Hill é economista financeiro, consultor, formador e escritor, com vasta experiência em banca comercial e de investimento e gestão de fundos. A sua carreira inclui passagens pelo JP Morgan, Argyll Investment Management e Banco Mundial IFC.

Leave a Reply