‘Não são os políticos, como pessoas, é a política como poder, que está cada vez mais limitada e desorientada. Com a comunicação sequestrada pelo universo digital, através das redes sociais, evaporaram-se as referências tradicionais da verdade e da hierarquização de conceitos e valores’.
A afirmação pertence a Josep Ramoneda, filósofo e director da Escola Europeia de Humanidades de Barcelona, foi publicada no ‘El País’ em Outubro passado.
Mas tudo parece indicar que as forças políticas actuais estão a debilitar a própria política e por isso, também o cidadão comum como sujeito político, a ver pelo desaparecimento contínuo da classe média, já a mostrar o tempo da ‘não sociedade’, a ruptura total dos vínculos entre o ‘mundo de cima’ e o ‘mundo de baixo’, cumprindo a promessa de Margaret Thatcher, acrescenta Ramoneda.
É um tempo de calma e de caos, de likes e de selfies, aparentemente tranquilo, mas a poder estalar por cá também devido a um qualquer motivo menor e até arredado da realidade, pois ‘um dos grandes males portugueses de sempre foi que os dirigentes portugueses, seja de que cor sejam, sempre desejaram que a realidade fosse o que eles querem, em lugar de, como bons políticos, verem a realidade como ela é’.
Limito-me a transpor uma frase de Jorge de Sena, tirada da entrevista feita para o programa ‘Cantorias’ da RDP.
E lá, naqueles likes e selfies, também se foi perdendo a capacidade de imaginar, de sonhar, ansiar e até perseguir um futuro melhor, por termos desaprendido de olhar em volta e perceber como está e é inseguro e circunstancial este mundo, como são os ‘sistemas’ pelos quais damos corpo e alma.
Já perdemos sim, essa capacidade da utopia, a tão desprezada utopia, mas o único lugar que permite o exercício da esperança, daquela que até talvez se alcance por podermos ‘lutar’ por ela e afastarmo-nos do conformismo e de podemos ficar só como meros ‘queixinhas’ mais ou menos resignados.
Este nosso mundo tem agora uma caracterização complicada e, a confirmá-lo, o cientista Fernando Valladares do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha, afirmou recentemente ‘Se se fizer e contar o balanço da alteração climática sem anestesia, algumas pessoas podem ficar muitíssimo deprimidas’.
E para amenizar algum do dramatismo desta Carta, lembro-me de um dito antigo já não sei de onde, ‘Tudo tem duas caras menos a sombra’.
Ámen!
António M. Oliveira
Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor
Meu querido amigo, ler-te é momento obrigatório de pausa…É INTERVALO SAUDÁVEL, por mais que nos sintamos envergonhados do que somos, do que nos tornámos e da cumplicidade irresponsável que fomos testemunhando…Obrigada, uma vez mais, por nos obrigares a PENSAR….Um beijo muito grande para vós..
Sabes, há amigos com quem gostaria de partilhar o que escreves…Posso?
Meu querido amigo, ler-te é momento obrigatório de pausa…É INTERVALO SAUDÁVEL, por mais que nos sintamos envergonhados do que somos, do que nos tornámos e da cumplicidade irresponsável que fomos testemunhando…Obrigada, uma vez mais, por nos obrigares a PENSAR….Um beijo muito grande para vós..
Sabes, há amigos com quem gostaria de partilhar o que escreves…Posso?