A CHINA INICIA UM IMPORTANTE ENSAIO DA MOEDA DIGITAL ESTATAL, por HELEN DAVIDSON

 

 

China starts major trial of state-run digital currency, por Helen Davidson

The Guardian, 28 de Abril de 2020

Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

 

O e-RMB foi alegadamente adotado nos sistemas monetários de várias cidades.

 

A China vai começar a testar os pagamentos na sua nova moeda digital em quatro grandes cidades a partir da próxima semana, de acordo com os meios de comunicação social nacionais.

Nos últimos meses, o banco central chinês intensificou o seu desenvolvimento do e-RMB, que deverá ser a primeira moeda digital operada por uma grande economia.

Segundo informações, iniciou ensaios em várias cidades, incluindo Shenzhen, Suzhou, Chengdu, bem como numa nova zona a sul de Pequim, Xiong’an, e em zonas que acolherão alguns dos eventos para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim de 2022.

O jornal China Daily, um órgão de comunicação social estatal, disse que tinha sido formalmente adotado nos sistemas monetários das cidades, com alguns funcionários do governo e funcionários públicos a receberem os seus salários na moeda digital a partir de maio.

Sina News disse que a moeda seria usada para subsidiar os transportes em Suzhou, mas em Xiong’an o ensaio centrou-se principalmente na alimentação e no comércio a retalho.

Desde meados de Abril que circula uma imagem nos ecrãs sobre a aplicação necessária para utilizar e armazenar a moeda digital.

Alguns relatórios também afirmam que empresas como a McDonald’s e a Starbucks concordaram em fazer parte do ensaio, mas numa declaração a Starbucks disse ao Guardian que não era um participante. O McDonald’s foi contactado para comentários.

As plataformas de pagamento digital já estão generalizadas na China, nomeadamente a Alipay, propriedade da Ant Financial da Alibaba, e a WeChat Pay, propriedade da Tencent, mas não substituem a moeda existente.

Xu Yuan, professor associado do Instituto Nacional de Investigação para o Desenvolvimento da Universidade de Pequim, disse à emissora CCTV que, devido ao facto de as transações em numerário não estarem a ser utilizas  e de os dados de transações das plataformas de pagamento existentes estarem dispersos, o banco central não conseguia monitorizar o fluxo de caixa em tempo real.

“Embora haja poucas mudanças na perspetiva da utilização pelos utilizadores, na perspetiva da supervisão do banco central, das futuras formas de financiamento, pagamento, gestão empresarial e social, etc., esta é a maior mudança  de sempre”.

Em 17 de Abril, o instituto de investigação da moeda digital do Banco Popular da China, que está a desenvolver o sistema, afirmou que a investigação e o desenvolvimento de um renminbi digital estava “a avançar de forma sustentada ” e que a conceção, a investigação e o desenvolvimento funcional e a depuração de falhas técnicas (bugs) tinham sido em grande parte concluídos, de acordo com um relatório da CCTV.

O progresso da moeda digital foi alegadamente impulsionado pelo anúncio do Facebook, em Junho, de que tencionava lançar ela própria uma moeda digital.

A moeda digital soberana, que será indexada à moeda nacional, está em desenvolvimento há alguns anos, mas em Agosto o banco disse que estava “quase pronta”. No entanto, no mês seguinte, o governador do banco, Yi Gang, disse que não havia calendário para o lançamento.

“Uma moeda digital soberana constitui uma alternativa funcional ao sistema de liquidação do dólar e atenua o impacto de eventuais sanções ou ameaças de exclusão, tanto a nível nacional como das empresas”, afirmou na semana passada o China Daily, no seu relatório.

“Pode também facilitar a integração nos mercados cambiais mundiais com um risco reduzido de perturbações de inspiração política”.

Prevê-se que a utilização de numerário continue a diminuir em meio à crescente popularidade das plataformas de pagamento digitais e à medida que as pessoas evitam o contacto físico durante a pandemia de coronavírus.

Additional reporting by Lillian Yang

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