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RAPARIGAS E RAPAZES DE LISBOA – CARLOS GAGO COUTINHO, DE BELÉM ATÉ AO RIO DE JANEIRO

dia de lisboa

Carlos Viegas Gago Coutinho, nasceu em Lisboa, na freguesia de Belém, em 17 de Fevereiro de 1869. Fez o curso do Liceu e matriculou-se na Escola Politécnica para preparar a sua entrada na Escola Naval. Entrou para a Armada como aspirante em 1886.Em 1922 era vice-almirante, e em 1958  almirante.

Grande parte da sua actividade  foi no âmbito da Comissão de Cartografia, em trabalhos de campo de delimitação de fronteiras ou de geodesia processados nas então colónias portuguesas.

Com o impulso de Sacadura Cabral, em 1919, começou a dedicar-se ao progresso dos métodos de navegação aérea. Já estava planeada a viagem aérea ao Brasil, que se pretendia fazer por altura da comemoração do centenário da independência desse país, em 1922. Para experimentar os processos de navegação aérea em estudo, Sacadura Cabral e Gago Coutinho fizeram diversas viagens juntos, incluindo a primeira viagem aérea entre Lisboa e Funchal, em 1921. E foi no ano de 1922 que a viagem aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro se realizou, entre 30 de Março e 17 de Junho.

Por este feito receberam ambos várias condecorações, portuguesas, francesas e brasileiras.

E é em Belém, junto à Torre que assinala a partida das naus, nos Descobrimentos, que se pode ver o avião que celebra a viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral lá está. E os putos sobem por ele acima sem que ninguém lhes explique a importância do feito que ele assinala.

No site Vidas Lusitanas é citada uma carta, da véspera da partida do avião, a caminho de Rio de Janeiro em que escreveu Sacadura Cabral:

Qualquer viagem aérea é um ponto de interrogação e muito mais esta, que apresenta numerosas dificuldades. Conheço o ´bico de obra´ que ela é e posso dizer que há cinquenta por cento de probabilidades a seu favor e outras tantas contra. A viagem é possível, mas para isso é preciso que tudo corra normalmente ou, se assim o quiserem, que o Padre Eterno se conserve ´pelo menos´ neutral no pleito que se vai travar entre nós e os elementos. Façamos votos por que assim aconteça, mas não cantemos vitória antes de tempo porque… ele nem sempre está de bom humor.

Já depois da viagem comentou Gago Coutinho:

Simples geógrafos tinham provado que um avião se podia orientar no ar, com tanta segurança como o fazem os navios no mar. Tinha-se repetido a prioridade portuguesa, uns quatro séculos depois de as nossas caravelas terem passado alem do trópico. E levávamos pintada nas asas a mesma cruz vermelha de Cristo, com que nossos caravelistas devassaram – como cantou Camões – “aqueles mares” e “os novos ares que o generoso Henrique descobriu.”

A ligação aérea  com o Brasil só virá a ser retomada em 1960, sendo apenas em 1966 que essa carreira passou a ser regular,  por iniciativa da T.A.P.

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