POESIA AO AMANHECER – 368 – por Manuel Simões
ROLANDO VERA-CRUZ
( 1940 )
INTERROGAÇÃO PARA O LONGE
Porquê
a vertigem de sentir maresia
vetada na distância?
Porquê
o anseio de alongar abraços
se o vácuo é infecundo?
Porquê
galgar longes saudosos
se o presente subjuga?
Porquê
aguardar o eco desejado
se as palavras se diluem?
Porquê
adivinhar madrugadas
quando a noite se avoluma?
(de “Vértice”, 1ª série, nºs . 334/335,1971)
Poeta cabo-verdiano. Foi um dos fundadores de “Sèló-página dos novíssimos”. Colaborou na revista portuguesa “Vértice” (1ª série).