Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
A Bélgica, em breve às escuras?
Por Enjeux Electriques (son site), La Belgique bientôt dans le noir?
Agora Vox – Enjeux Electriques, 30 de Outubro de 2014
As festas de fim-de-ano correm o risco de se tornaram um momento difícil para os nossos vizinhos belgas. ELIA, o gestor da rede de electricidade, tirou o sino de alarme: falta 2 000 MW de electricidade para poder responder às pontas de consumo deste inverno. Nestas condições, como fazer para evitar que a população seja mergulhada na escuridão e no frio?
A Bélgica prepara-se para o pior: um blackout generalizado, resultado de problemas técnicos e das escolhas políticas e económicas que foram feitas.
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Primeiramente, três das sete centrais nucleares do país estão paradas devido à existência de fissuras sobre os tanques e actos de sabotagem.
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Em segundo lugar, as centrais a gás estão em vias de fechar, pelo facto de não serem rentáveis. Um movimento similar é observado através de toda a Europa. São no entanto estas centrais, ditas “de alta tecnologia”, que permitem evitar os blackouts.
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Em terceiro lugar, os investimentos têm-se concentrado, ao longo dos anos, sobre o desenvolvimento das energias renováveis. Ora, não é certo que as eólicas e os painéis fotovoltaicos produzam electricidade no momento em que for mais necessária neste inverno.
Medidas de urgência
As autoridades belgas não permanecem certamente com os braços parados. Há planos de resposta como redução de carga (cortes localizados e controlados) que estão já programados. Isto quer mesmo assim dizer que uma parte dos habitantes estará potencialmente sem aquecimento, sem luz e sem água quente em pleno inverno. Em paralelo, uma reserva “estratégica” está igualmente prevista. Várias centrais a gás que estão paradas poderão arrancar e reiniciar a sua actividade em caso de catástrofe, mas estas poderão cobrir apenas uma parte das necessidades.
As autoridades contam também com o apoio da população. O problema mediatizado desde este verão permitiu uma tomada de consciência dos Belgas. Por conseguinte ser-lhes -á pedido que economizem a energia em período de PICO de consumo. E se isso o não for suficiente, tarifas “dissuasivas” também foram previstas: 4 500 € o MWH, cem vezes mais caro que em tempo normal.
A Europa a pedir ajuda?
Uma última solução consiste a importar electricidade desde os países vizinhos. Infelizmente, todos os países europeus estão confrontados com este problema de gestão do período de ponta de inverno. As margens de operação reduzem-se por toda a parte, devido aos encerramentos de centrais (gás, energias nucleares), da intermitência das energias renováveis ou do desenvolvimento retardado das redes. O potencial de importação para a Bélgica reduz-se por conseguinte à uma ninharia face ao que pode precisar.
No caso de inverno suave, os nossos vizinhos podem esperar passar um inverno tranquilo. Se não for o caso, a situação será muito mais complicada de gerir. Na França, RTE, o gestor da rede de electricidade também preveniu: estaremos na mesma situação que os Belgas dentro de dois anos…
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Ver o original em:
http://www.agoravox.fr/actualites/europe/article/la-belgique-bientot-dans-le-noir-158722