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ABRIL MÊS DE PREVENÇÃO DE MAUS TRATOS A CRIANÇAS por Luísa Lobão Moniz

Uma pessoa é Criança até aos 18 anos, segundo a Declaração dos Direitos da Criança.

As crianças, mesmo com as lágrimas da violência, são umas heroínas.

Por vezes, tentam sair desde ciclo de violência adoptando comportamentos, também violentos, fugas, rebeldia constante, falta de respeito mútuo, deambulando pelo bairro à espera que o tempo passe ou que lhe dê uma vida melhor.

Se sou violento vou fazer parte do gang da minha rua, onde encontro quem me oiça e dê força para conquistar o meu lugar. Quantas mais situações de violência eu me meter, maior respeito têm os meus amigos e, qualquer dia também posso ser o chefe deles. A polícia? Não tenho medo!

Em 1989 em Virgínia, nos Estados Unidos, uma mulher, já avó, Bonnie W. Finney, decidiu mostrar publicamente que era preciso fazer algo para libertar as crianças dos maus tratos.

Depois de contar a violência com que os netos se deparavam no seio familiar quis chamar a atenção da sociedade: amarrou um laço azul à antena do carro.

O objectivo estava cumprido pois, desde então, foi criado o Movimento Laço Azul, como alerta para a prevenção dos maus tratos. O Laço era Azul porque era a cor das nódoas negras dos netos. Durante este mês os laços azuis andarão por onde nós andamos, onde nós trabalhamos…

O Laço Azul é um movimento e é também Criança que diz “Estou aqui”.

Não há algarismos suficientes para quantificar os casos de maus tratos à Criança, não há barragem que detenha as lágrimas das crianças…não há força que pare uma mulher a defender uma criança.

A “inferioridade” da Mulher já fez dela a sua força.

É com maus olhos que vê o pai bater no filho, foi com maus olhos que se viu batida tantas e tantas vezes. A Mulher pode agora, votar e decidir se quer um filho ou não, a Mulher pode agora votar livremente, pode estudar, trabalhar.

A Mulher é considerada um dos elos mais fracos na família, mas é ela que se junta a outras para lutar pela igualdade de género, pela protecção dos filhos, pela igualdade de estatuto entre marido e mulher.

A prevenção dos maus tratos às crianças passa, e muito, pelo modo de vida familiar, pelas relações interpessoais entre pais, avós, tios.

A prevenção dos maus tratos às crianças NÃO está nos filmes que passam na TV, nos anúncios, nas redes sociais.

A prevenção dos maus tratos às crianças começa na gestação, dentro da barriga da mãe, na vinculação conseguida, na auto estima, no colinho dos pais, no afecto.

Não se pára uma inundação pelo enxaguar do chão. Primeiro há que fechar a torneira.

O mês de Abril é o mês da Liberdade, da Revolução dos Cravos, da Igualdade, mas a Revolução dos Cravos não está concluída enquanto tivermos que fazer uma campanha a nível nacional de Prevenção dos Maus Tratos a Crianças.

Qual a origem de comportamentos violentos contra as crianças?

É na torneira e não no chão molhado.

 

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