PARA QUE NASCI por Luísa Lobão Moniz

olhem para  mim

Vendiam bebes franceses a mil euros.

Mãe e filho pretendem casar-se e terem filhos.

Menina com 10 anos deu à luz um bebé, o pai tem 17 anos.

Pai põe à venda bebé de 10 dias no OLX.

Mãe do jovem assassinado denuncia o companheiro.

 Bebé morreu enquanto pais bebiam com amigos.

Dez anos depois Rita continua desaparecida.

Acrescentou que a menor apresentava ainda “várias equimoses um pouco por todo o corpo”, presumivelmente de “agressões antigas”

 

Mais exemplos, para quê?

Não há quem não conheça casos de maus tratos, desaparecimento de crianças, crianças solitárias, crianças abusadas.

Toda a sociedade vive com esta realidade na consciência. A sociedade permitiu que se tornasse banal a maldade contra as crianças.

Ainda há quem se considere dono da criança porque ela é sua filha, ainda há quem considere que “uma bofetada a tempo vale mais do que mil palavras”, ainda há quem considere que as crianças é que provocam a violência…ainda há quem considere que crianças e mulheres são propriedade de alguém.

” Quando era criança levava porrada do meu pai, casei e continuei a levar porrada, agora do meu marido, ele morreu e é o meu filho mais velho que agora me bate…para que nasci…”

São tantas as pessoas, como estas, que se cruzam connosco, na rua, todos os dias.

O mês de Abril foi o mês escolhido para se levantar a questão da prevenção dos maus tratos na Infância. As Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, as Câmaras Municipais e várias ONGs desdobram-se durante este mês em campanhas de sensibilização.

Já fiz parte de muitas dessas campanhas e pergunto-me como serão os jovens com quem se contactou durante estes meses de Abril?

Ouvi tantos jovens dizerem e sonharem, queriam uma vida sem violência, jovens que eram mal tratados e que já maltratavam outros jovens.

Como é que nós, como sociedade democrática, contribuímos para uma sociedade não violenta?

Veja-se os exemplos transmitidos por alguns desenhos animados, por alguns anúncios das televisões, por algumas séries que passam também na Televisão, por programas que estão nos Tops das audiências como “A Quinta”, por vídeo clips dos cantores preferidos pelos jovens.

Esteja-se atento às notícias que relatam cenas de enorme violência e as justificações que são dadas e que se tornaram banais.

E veja-se a sexualidade exibicionista que consta em alguns anúncios de perfumes, de automóveis, significativamente as mulheres querem ser seduzidas por homens que cheiram bem e que tenham os carros topo de gama, os homens oferecem carros às mulheres e elas ficam deslumbradas. Com estes ingredientes eles são de “arrasar”…o pior é que tudo isto está envolto em climas agressivos!

Como é que nós, como sociedade democrática, contribuímos para uma sociedade não violenta?

Leave a Reply