EDITORIAL –  QUEM NOS GOVERNA? –  FALANDO AINDA SOBRE O TTIP/TAFTA

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As negociações para o TTIP/TAFTA, já aqui as abordámos há dias, decorrem no maior sigilo, apesar dos esforços de entidades como o Wikileaks, e de individualidades como Varoufakis, Vivienne Westwood, Evgeni Morozov, Slavoj Žižek e outras, algumas delas ligadas à comunicação social, de as trazerem ao conhecimento da opinião pública. Não deixa de ser surpreendente, é bom que se diga, que a grande comunicação social dedique tão pouca atenção a estas negociações. Mas não é por acaso.

Ao fim e ao cabo, os objectivos que prosseguem vão afectar a vida das populações europeias e não só. Estando a Europa (e claro que com o resto do mundo muito atento) a assistir à desagregação da União Europeia, encaminhando-se o velho continente para a divisão entre uma zona de influência germânica, outra de influência russa (aceitando que a Rússia faz parte da Europa), com o Reino Unido ao largo, e alguns países párias (pigs e não só) a serem tratados como as colónias do (não muito) antigamente,  não é de admirar que os Estados Unidos, principal fortaleza do capitalismo financeiro, e as grandes companhias (corporations) queiram aproveitar para fortalecerem a sua posição. A Europa, o velho continente, não as organizações criadas para fins que não os abertamente declarados, continua a ser apetecível, e não só para os fugitivos dos numerosos países arrasados pelas tramas do neocolonialismo e do capitalismo.

Propomos que leiam (ou releiam):

https://www.nao-ao-ttip.pt/detalhes/

http://aviagemdosargonautas.net/2015/08/13/editorial-as-teorias-das-conspiracoes-sao-fomentadas-de-cima-olhem-o-ttiptafta/

http://www.theguardian.com/business/2015/aug/03/ttip-what-why-angry-transatlantic-trade-investment-partnership-guide

1 Comment

  1. Meu caro João

    Saúdo a qualidade deste editorial. Dizes, e dizes bem, que apesar da enorme importância do tema, este passa ao lado na imprensa “OFICIAL” : Naturalmente assim e por duas razões interligadas:
    1. Não há´ genericamente jornalistas de qualidade e mesmo quando os há, são hoje muitos poucos no activo, estes últimos são colocados na prateleira. Logicamente assim, porque informar no sentido de consciencializar é comportamento que não interessa, não vende, não é comprado pelo único cliente que a esta imprensa interessa servir: o poder em exercício.
    2. O ponto acima mostra que algo está a ficar podre e muito pobre neste reino da Dinamarca que é a nossa Europa actual. Nesta, vive-se sob o diktat alemão, vive-se uma situação de verdadeiro garrote. Mas isto ainda não chega às cliques dominantes internacionais. E está-se pois a criar um segundo garrote à escala planetária, entregando a democracia aos seus mortais inimigos: as multinacionais, cujos interesses passam a ser preferenciais face aos dos próprios Estados. É mais ou menos isto que se pretende com este tratado, negociado secretamente, como se os negociadores tenham medo do povo. E se o têm, têm então razão para isso e porque têm razões para isso, nada melhor do que não se falar no assunto. É o que a imprensa faz.
    3. O problema curioso é que tudo isto se passa sob a batuta do belicista Obama, premiado com o prémio Nobel da Paz! É esta a sua concepção da Democracia, afinal ? Ou será a via dura pela qual Obama quer assegurar a vitória da senhora Clinton nas Presidenciais, mostrando que fez tudo o possível para defender os interesses das multinacionais americanas? Como o fez o Presidente Clinton, aliás. Ou será que esquecemos que o seu último acto presidencial foi o perdão presidencial para Marc Rich, o “rei dos traders” ou o “rei do petróleo”, um dos maiores trapaceiros internacionais a viver da globalização e da desregulação que lhe esteve associada

    À bibliografia por ti recomendada sugiro ainda que se adicione os trabalhos da Attac sobre a matéria e sobretudo o livro de Susan George e Myriam Dennehy, Les usurpateurs : Comment les entreprises transnationales prennent le pouvoir23 octobre 2014, edições SEUIL.
    Um abraço

    Júlio Marques Mota

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