Desde sempre que se tentaram impingir às populações, aos cidadãos, versões de factos ocorridos, em moldes pouco coincidentes com o que efectivamente se passou. E questões da maior gravidade terão sido ocultadas, apesar da sua relevância. Por exemplo, na nossa história nacional: quantos reis portugueses terão sido assassinados? Apenas D. Carlos? Ou terão sido mais? Têm sido formuladas hipóteses de que D. João II e D. João VI terão morrido envenenados. Que investigações foram feitas sobre factos tão graves, que sem dúvida tiveram um grande peso na história do nosso país? No plano internacional, são inúmeros os exemplos. Olhando apenas para a história recente, desde as guerras hispano-americanas do início do século XX, passando pela rivalidade entre Estaline e Trotsky e pelo 11 de Setembro de 2001, pelas justificações sobre o lançamento das bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasaki, até às armas de destruição maciça de Saddam Hussein, e depois, quantos casos se poderiam encontrar? As versões insuficientes ou contrárias à verdade, normalmente partem de sectores com responsabilidades, com objectivos ocultos.
Hoje em dia, dilacerados pela crise financeira, pelos conflitos no Próximo e Médio Oriente, pela mal velada hostilidade contra os BRIC (eles próprios devorados por problemas internos), com a chamada União Europeia a parecer-se cada vez mais com um novo Reich, ouve-se falar, parece que contra a vontade dos seus promotores, que desejariam manter a negociação no maior sigilo, do TTIP, Transatlantic Trade and Investment Partnership. As negociações têm decorrido no maior segredo, até porque a maior parte dos participantes serão entidades privadas. Incidirão sobretudo sobre desregulamentações em sectores como a saúde, ambiente e as relações de trabalho, e em sentido inverso em casos como o das patentes. Os efeitos que dele advirão são imprevisíveis, e, amanhã, quando se falar em apuramento de responsabilidades, haverá muita dificuldade em chegar a conclusões objectivas. Veja-se só o que recentemente ocorreu entre nós, com o caso da infecção por legionela, ou na Índia com a catástrofe de Bhopal, ou no Bangladesh, com o desabamento do edifício Rana Plaza.
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