CARTA DE LISBOA – J’accuse – por Pedro Godinho

lisboa

 

 

Pronto aqui estamos.

Não há como evitá-lo. Nem que fôssemos cegos, surdos e mudos.

Agora querem obrigar-nos a pensar que a vida gira em torno de Sócrates (ou Passos, ou Costa ou …).

E a tomar partido, por ou contra (quem não é por mim está contra mim). De novo.

Como se o mundo se resumisse ao fanatismo clubista, como se as pessoas não tivessem pensamento e vida própria, como se cada um não tivesse as suas lutas do dia a dia, os seus  pequenos ou grandes prazeres e tristezas, as suas dificuldades e momentos de glória.

Até isso nos espoliam. Tudo tem de girar em torno deles.

Foram eles que construíram esta divisão entre “nós” e “eles”, auto-segregaram-se e usam-nos como instrumentos nas suas guerras de repartição de poder e riqueza, não nos reconhecem como gente apenas como meios para os seus fins.

A democracia inclui, claro, os partidos mas os partidos não são a democracia. A política não pode ser seu monopólio. Há política e cidadania – tem de haver – para além dos partidos, e do parlamento e do governo.

Politicamente, Sócrates foi uma desgraça para o país, para a esquerda e, até, para o seu partido. E, como se viu, rodeado de “bons amigos”. E foi por ser como foi e fazer como fez que, crime político maior, nos deixou Passos Coelho.

 Isso não desculpa o circo judiciário. Na justiça, a culpa tem de ser provada, por meios legítimos. A cada um o que é devido.

Não queremos gente que não presta contas a ninguém; nem na política, nem na justiça. Para haver justiça, e democracia, tem de haver controlo e transparência.

Leave a Reply