(continuação de Castelao VI)
A vontade manifestada por Castelao de regressar à sua Galiza, cumpriu-se em 28 de Junho de 1984, data coincidente com o aniversário do plebiscito que aprovou o Estatuto da Galiza, acontecimento este aproveitado pelos nacionalistas galegos que, ao manifestarem-se, acusaram as autoridades de que «os que o exilaram agora prestam-lhe honras». Neste dia e a título póstumo concede-se-lhe a Medalha de Ouro de Galiza e, em Dezembro do mesmo ano, a Junta da Galiza cria a Medalha Castelao.
Os seus restos mortais repousam no Panteão de Galegos Ilustres, no Convento de São Domingos de Bonaval, em Santiago de Compostela, não se cumprindo assim totalmente o seu desejo de vir a repousar em Pontevedra. Mas é no Museu desta cidade que está o manuscrito de «Sempre en Galiza», assim como milhares dos seus desenhos. Os seus três álbuns de guerra – Galiza Mártir, Atila en Galiza e Milicianos – são alguns dos documentos mais importantes da obra do nosso autor residentes neste Museu.
Mas o espólio de Castelao não está apenas em Pontevedra; podemos encontrar exemplares do seu espólio em vários museus, em A Corunha; no Museu Quiñones, de León; em Vigo, na Fundación Penzol, esta com sede na Casa de la Cultura de Vigo. O mesmo fora de Espanha, na Argentina, nomeadamente, assim como em várias instituições públicas e particulares e em centros de investigação exemplares do seu espólio podem ver-se. A CaixaVigo tem dois grandes murais de Castelao.
A Junta da Galiza reconheceu a obra de Castelao como um dos bens mais destacados do património cultural galego, concedendo-lhe, o que aconteceu pela primeira vez, a máxima declaração cultural a um património intangível, a classificação de BIC – Bem de Interesse Cultural.
Para além destas honrarias, há uma outra que encheria de orgulho Castelao – a sua obra artística e literária faz parte do ensino obrigatório na Galiza!
BIBLIOGRAFIA
- Beauvoir, Simone de, Sob o Signo da História-1, tradução de Sérgio Milliet, Difusão Europeia do Livro, São Paulo, 1965;
- Broué, Pierre e Témime, Émile, A Revolução e a Guerra de Espanha, tradução de Mendes de Carvalho e Carmen Ferreira Alves, edição dos Serviços Sociais dos Trabalhadores da C. G. D., Lx., Dezembro de 1976;
- Castelao, Obra Completa, 1. Narrativa e Teatro, Ediciones Akal, S. A., 2000, 2001, Madrid
- Castelao, Obras de Castelao–3, Editorial Galaxia, S. A., 2000, Coordenação Geral de Henrique Monteagudo, com introdução ao tomo III de Justo Beramendi;
- Gilbert, Martin, A Segunda Guerra Mundial, tradução de Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira, Publicações D. Quixote, Lx. 2009;
- Na Galipedia, a Wikipedia en galego;
- Vilar, Pierre, História de Espanha, Livros Horizonte, Lx, s/d;
Brevemente:
Uma Carta a Oliveira Salazar
por Alfonso R. Castelao e Ramón Suárez Picallo
Desculpe, no ensino obrigatório da Galiza Norte pouco do professorado e menos ainda do alunado sabe qualquer cousa sobre Castelão. Não é certo que seja pessoa honrada pelo governo galego nem que o facto de estar em Bonaval lhe conceda qualquer prestígio. A verdade é que a sua memória é deshonrada cada ano quando sob pretexto do seu nome se concedem “medalhas Castelão” a indivíduos abjectos e corruptos aos que Castelão cuspiria no rosto se pudesse. Não, caro amigo da Galiza, Castelão não é honrado pelas autoridades aqui, nem pelo sistema de ensino, porque nem as autoridades nem o sistema de ensino honram a Galiza.
Cara Isabel
Reproduzi a informação que colhi, quanto ao ensino da obra artística e literária de Castelão na Galiza, mas agora ficam os leitores com uma informação mais actualizada graças à Isabel.
O meu principal objectivo foi dar a conhecer aos portugueses a figura exemplar de Castelao e, ao mesmo tempo, mostrar que a luta dos galegos contra o centralismo de Castela tem sido bem mais dura do que se julga em Portugal. Será que consegui?
Penso, brevemente, falar de outro grande autor galego.