ELEIÇÕES ITALIANAS – RENZI: FIM DO ESTADO DE GRAÇA – A LIGA ASSUME O PAPEL PRINCIPAL NA DIREITA ITALIANA – por JEAN BONNEVEY

 

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Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

mapa itália

RENZI: FIM DO   ESTADO DE GRAÇA

 A Liga assume o papel principal na direita italiana

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Jean Bonnevey, RENZI: FIN DE L’ÉTAT DE GRÂCE – La ligue prend la tête de la droite italienne

Revista Metamag.fr, 3 de Junho de 2015
renzi - I

« Um sinal de Pare  para  Renzi ». É o que escreve um jornal que lhe é muito favorável, La Repubblica, uma espécie do Le Monde à italiana.

Um malogro eleitoral de Renzi aquando das regionais na Itália é um facto. Como é o  menino querido dos meios de comunicação social, nomeadamente franceses, têm-se sobretudo insistido   sobre o facto que a sua esquerda conserva 5 de cada 7 regiões  sujeitas a eleições.

Mas o desmoronamento do eleitorado é espectacular. A percentagem global  do  PD, 22,5% dos votos, é largamente inferior  aos  40% obtidos aquando das eleições europeias. Perder quase um eleitor em cada dois é, mesmo assim,  uma muito  estranha vitória.

Os comentadores  italianos sublinhavam todos eles  o  enfraquecimento de Matteo  Renzi. “Hoje para Renzi, é muito mais difícil governar”, comentava o jornal de centro direita La  Stampa. Ainda que as personalidades e os desafios locais frequentemente foram determinantes, o chefe do governo, chegado ao poder há um ano e meio  na base de um  programa de reformas   eleitorais, sofre fortes  divisões internas no seio do  seu partido, onde  os  “contestatários” não digeriram a sua recente reforma eleitoral e as suas opções liberais  em economia.

A mudança à direita é igualmente importante

Ganhando Ligurie, o que era inesperado, Silvio Berlusconi salvou os seus móveis. Certamente, a época em que   (Forza Italia ) excedia 30% das vozes é uma lembrança já bem longínqua,  mas, com 11,5% dos sufrágios, o limiar fatídico dos 10% é ultrapassado.

O empenhamento  pessoal de Silvio Berlusconi, agora liberto das obrigações da sua pena de  trabalhos de utilidade pública, foi muito importante na campanha.

renzi - II

A progressão da Liga do Norte, as suas  posições antieuropeias e anti-imigração frequentemente xenófobas, confirmam contudo o fim do reino de Berlusconi sobre a direita italiana. Não somente a Liga do Norte conserva Veneza  mas também obtém 13% dos votos à  escala  nacional, claramente  à   frente de Forza Italia. Um milagre para uma formação que valia   4% dos votos  em 2013.

Este sucesso coloca o seu secretário-geral  Matteo Salvini   em face de  uma escolha estratégica. “A Liga é hoje na Itália a alternativa mais séria a Matteo  Renzi”, afirmou . Salvini, cognominado como  “o outro Matteo”, assegurando que o seu partido não procurava  somente parar a onda dos migrantes e desmontar os campos  de ciganos , mas também em propor alternativas sobre “a agricultura, as reformas, a economia”. Um partido que  agora é verdadeiramente nacional  e para todos os Italianos. Uma alternativa mais credível que a do “ Podemos”  italiano  que contudo beneficia de um aumento de  popularidade.
renzi - III

M5S exprime mais um voto de  protesto  do  que um projecto político. Durante os últimos meses, Beppe Grillo ele mesmo dava ares de quem se tinha  desinteressado da sua formação  política e que se  tinha ele mesmo  afastado do campo político. Os comentadores  anunciavam o declínio de M5S. Não foi nada assim.  O M5S, em perda de velocidade depois do seu triunfo (25%)  nas  legislativas de 2013, continua a ser o segundo partido do país e foi  mesmo o partido mais votado na  Ligúria, Campânia e na Púglia.

Aí está por conseguinte uma nova paisagem política italiana interessante:  o modelo Valls em perda de velocidade, a esquerda anti-austeridade sempre dinâmica e a direita recomposta  com “um Frente Nacional ” italiana  musculada , primeiro partido da península à frente dos  republicanos do partido de Berlusconi, o Sarkozy italiano. A menos que seja o contrário,  que seja Sarkozy  o Berlusconi francês.

Jean Bonnevey, Metamag,    RENZI : FIN DE L’ÉTAT DE GRÂCE – La ligue prend la tête de la droite italienne. Texto disponível em:

http://www.metamag.fr/metamag-2970-RENZI–FIN-DE-L%E2%80%99%C3%89TAT-DE-GR%C3%82CE.html

 

Illustration en tête d’article : Matteo Renzi, Président du Conseil Italien

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