EDITORIAL – UMA SAÍDA LIMPA

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Pois, temos a saída limpa. Não custa prever que a expressão vai ser utilizada nos tempos próximos para comentários jocosos e trocadilhos linguísticos. Entretanto, duas coisas são óbvias, a primeira, que vamos continuar a ser apertados, a segunda, que na opção por este anúncio, pesou decisivamente a proximidade das eleições. Claro que nos vão querer convencer de que o que se passa é o contrário, e nós temos que continuar a aguentar (foi o Ulrich quem falou nisso, não foi? Manda quem pode… ), e tentar pensar no futuro de outra maneira.

As reviravoltas nos impostos sobre os salários e pensões visam convencer-nos que isto está a melhorar, por um lado, e disfarçar a passagem dos cortes de transitórios a definitivos. O aumento no IVA, de 0,25%, para além de levar mais algum dinheiro aos consumidores, vai a par com uma série de declarações a querer convencer-nos de que vai ter poucos efeitos nos nossos bolsos. Entretanto, teremos que fazer um esforço para recordar as chamadas de atenção para a necessidade de o baixar, em sectores como a restauração e não só. Para além deste aspecto, é de assinalar que a descida nas taxas de juro dos empréstimos que nos são feitos é apresentada como se fosse uma grande vitória deste governo, quando na realidade resulta de haver grande disponibilidade de capitais no mercado financeiro internacional, havendo outros países que estão a conseguir empréstimos a taxas mais baixas do que Portugal. O problema é que a situação se pode inverter num prazo curto. Também as expectativas de flexibilização na acção do BCE e do MEE, que terão de ser confirmadas, estão a ter influência na actual conjuntura.

http://www.publico.pt/economia/noticia/e-se-o-bce-nao-agir-1634578

http://www.jornaldenegocios.pt/mercados/bolsa/detalhe/resultados_do_bcp_abrem_semana_de_eurogrupo_e_reuniao_do_bce.html

A acção deste governo aumentou ainda mais a vulnerabilidade de Portugal face aos mercados internacionais. Basta olhar para o crescimento da dívida externa, que foi constantemente apontada pelos ideólogos da direita como a grande justificação da política de austeridade. A esperança das elites dirigentes nacionais reside claramente no avanço da integração europeia, para ajudar a camuflar os efeitos dos problemas estruturais portugueses, como a grande concentração de riqueza e a excessiva dependência do exterior. Mas nem a integração europeia, nem a conjuntura internacional parecem avançar  em moldes auspiciosos para os portugueses, o que seria mais importante do que a concretização das expectativas das elites.

 

 

1 Comment

  1. Saída limpa… Ahahahahahahahaha
    Só se for porque os ladrões de bancos saíram “lavados” depois de terem passado pela fantástica máquina de lavar corrupção que é a justiça em Portugal…

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