Bill Evans Trio – Milestones – YouTube
Como é que um tema trepidante e swingado como este, famosíssimo e conhecidíssimo de toda a gente e uma inspiração histórica de Miles Davis enquanto compositor, consegue ser tocado tão magistralmente por um trio tão especial como este, “habituado” a temas mais lentos e burilados, como baladas, por exemplo?
Trata-se do pianista mais “especial” de todos os tempos e talvez este, o trio mais antigo que se lhe conhece com o fenomenal contrabaixista Scott LaFaro, que morreu com 25 anos num estúpido desastre de automóvel, poucos dias após a gravação do célebre Waltz for Debby.
Nos meus tempos de tirocínio jazzístico, conhecimento, compreensão e aceitação deste pianista, havia quem insistisse e argumentasse (ao contrário do que muitos pensavam e julgavam) que o Bill Evans tinha afinal beat, tinha swing, como se pode constatar nesta interpretação – mas e aqui para nós, com um piano muito próprio, muito íntimo e ainda o espantoso contributo de Scott LaFaro, que revolucionou a maneira de tocar o baixo e influenciou gerações de músicos.
Espero que me esteja a ler quem o disse e me insinuou tais ideias e argumentos…
Única tristeza e senão desta fantástica gravação ao vivo: um estúpido e imbecil gargalhar (de que me lembrava, após tantos anos de uma primeira audição deste disco) no final da execução, por parte de um alarve qualquer que certamente ali se encontrava por acaso e a mais.
Algo que ainda hoje infelizmente se encontra.
Nesta imagem (característica) de Bill Evans a tocar piano reside certamente a inspiração para o curto poema que se segue.
Carlos
Díptico para Bill Evans
I
Tocava
Muito inclinado
Como quem ouve
Cada vez mais fundo
II
Não tocava
Abria um espaço
Que nos permitia
Ouvir
Alberto de Lacerda, do livro POEZZ.
