EDITORIAL: HÁ CRISES QUE VÊM POR BEM?

O terror continua – 150 mil desempregados vão perder mais 10% de um subsídio mensal de 419 euros, que passarão, se a «proposta preliminar» do governo for aprovada, a ser de 377 euros Esta é só a mais recente das medidas com que uma equipa de gente insensível e incompetente vai procurando resolver um problema criado por quem foi metendo ao bolso as ajudas comunitárias e não só.  A solução óbvia, para quem roubou ou foi cúmplice do roubo, é fazer quem é e economicamente mais vulnerável repor o montante do buraco financeiro. As crises nunca vêm por bem e o dito «há males que vêm por bem» corresponde a uma resignação que as religiões tentam impor. Outro dito, «Podia ser pior», diz-se a um tipo que parte uma perna; podia ter partido as duas…Este mal, este governo desastroso que o voto popular guindou ao poleiro de São Bento, não veio por bem, mas ajudou a que a sociedade, no seu conjunto, percebesse que estamos perante um problema que temos de enfrentar juntos – velhos, novos, empregados, desempregados…

Era frequente ouvir-se jovens dizer que quem iria provocar a ruptura da Segurança Social, eram os reformados, pois «não produzem e vivem daquilo que os que estão no activo descontam». Hoje todos sabemos que esta era uma maneira estúpida de analisar o problema. Muitos reformados, se não tivessem feito descontos e capitalizassem o que foram pagando ao longo de carreiras contributivas de mais de quatro décadas, teriam assegurada uma velhice tranquila. As pensões são uma dívida que o Estado contraiu e que, entre outras coisas, permitiu que muitos jovens estudassem e obtivessem competências que, sem as contribuições dos que então trabalhavam, não poderiam ter adquirido..

Temos um governo de gente inqualificável (nem o vernáculo mais cru chega para o classificar) que está a violar todos os acordos para honrar o pagamento de uma dívida que os sucessivos governos foram acumulando; dívida que supostamente contraímos, vivendo acima das nossas possibilidades. Na realidade, o dinheiro que estamos a pagar com os impostos brutais a que nos submetem, sumiu-se nas contas desta gentinha miserável que ocupou e que ocupa cargos governamentais e nos bolsos dos amigos. Segundo consta, presidente da República e primeiro-ministro, não estão isentos de culpa e as suas fortunas pessoais (inexistentes antes de ocuparem cargos) cresceram dessa forma ínvia. Para pagar essa dívida o Estado, que se dizia ser «uma pessoa de bem», transformou-se num ladrão de estrada – sai-nos ao caminho e leva-nos subsídios que a Constituição dizia ser inalienáveis, provoca a falência de empresas, despedimentos em massa… A desgraça atinge velhos e novos. Há jovens a sustentar os pais; há idosos a ajudar os filhos, que perderam os empregos; há quem não possa socorrer-se da ajuda familiar e esteja a recorrer à caridade alheia.  A crise não veio por bem, mas talvez nos torne mais solidários. Toda esta miséria teria de ter algum aspecto positivo – mas só o terá se a solidariedade nos servir para alguma coisa – para nos unirmos e lutarmos.

1 Comment

  1. Não rias de quem é chone…boa viagem …recomeçar é sempre agradável. ..falo por mim ..levava projectos novos ..sabia bem Nunca foi um frente.A vida virava de rumo.Saudades. Maria chone.

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