FRANCISCO RODRIGUES LOBO
( 1574? – 1621 )
ÉGLOGA IV (fragmento)
Elegia
(…)
Já deste prado as flores se secaram,
já se secou a nossa primavera,
já nossas alegrias se acabaram.
Ah, doce pátria minha, quem pudera
resgatar com vida o teu sossego,
que, como Cúrcio fez, também fizera!
Tornou-se turvo o Tejo e o Mondego.
Envolvei vossas águas, Lis e Lena;
assombrai tristemente o fundo pego.
(…)
Ah, pastores do Lis mais venturosos,
que já gozais do céu claro e sereno,
e da vil morte estais pouco medrosos,
deste desterro, aonde agora peno,
aceitai por oferta este desejo
e estes suspiros tristes de Lereno,
que em quanto vos não sigo e vos não vejo,
não me fica que dar mais que dar ais
e lágrimas que cresçam mais que o Tejo,
‘té chegarem, pastores, aonde estais.