O PATO ALGEMADO – XXVII – por Sérgio Madeira

Imagem2ESTÁ A CHEGAR AO FIM (ENFIM!)

ESTE FOLHETIM DA TRETA.

AI DE MIM, QUE NÃO SEI O QUE FAZER

OUTRA NOVELA IDIOTA ASSIM?

OLHA, RIMEI, MAS NÃO SOU POETA

JURO QUE FOI SEM QUERER.

 

 

 

                        O ESTRANHO CASO DO PASTOR ALEMÃO – Drama no Parque Eduardo VII

A chuva caía com mais intensidade. O inspector Pais,  olhando com ar de preocupação para a rua, com o tráfego imenso deslizando sobre o asfalto molhado, aviou o último pastel da segunda vaga. Precisava de ir trabalhar, mas maais de uma centena de metros separava o café da sede da PJ – era uma boa molha…

Filipe aproveitou o silêncio para recapitular:

– Então a Celeste da oficina andava com o Igor, que era o chefe do bando de miúdos que actua no Parque Eduardo VII.

– Exactamente.

– E a Laura, mãe de um dos miúdos…

– O Salsa. O garoto chama-se Francisco, mas é conhecido pelo Salsa.

– E a mãe do Salsa, estava apaixonada pelo Igor…

– Nem mais. E telefonou para a PJ a denunciar o Igor e ficou de ir prestar declarações sobre a rede de prostituição de menores de que o Igor fazia parte.

– O Janelas, o Louca do Caldas qual era o papel dele?

– Era um cliente do Igor.

– E por que matou ele a Laura?…

– Não matou.

– Então?

O Pais recostou-se e semicerrou os olhos.

– Quem matou a Laura foi o Cabinda!

– O maluco de São Cristóvão?

–  Esse mesmo.

– Porquê?

– Ora, porquê… Porque  a Celeste  o mandou.

– Mas a Laura antes de morrer falou na Louca do Caldas…

– Pois. O Janelas vai para o engate com uma cabeleira loura. Por isso no Parque é conhecido como a Catherine Deneuve. O Cabinda é fisicamente parecido, pôs uma cabeleira e a Laura, amicíssima do Janelas, deixou o maluco aproximar-se e enfiar-lhe a faca no gasganete.

– Como é que soube.

– O Cabinda contou tudo logo no primeiro interrogatório. – A Celeste quis evitar que a Laura prestasse declarações e contasse na polícia tudo o que sabia. – após uma pausa, perguntou – Lúcia Lima, diz-lhe alguma coisa?

Filipe ia responder, mas suspeitando de mais um qui pro quo, sorriu:

– É um chá.

O Pais fez um ar carrancudo. –

– Um chá? Você enlouqueceu? – e após uma pausa – esclareceu – Lúcia Lima era a esposa actua do comendador e era, junto do marido, o elemento de pressão para que editasse o livro do Franz Boagren…

– Era fiel da Igreja Luterana?

– Não. Era amante do Paralelo de Sousa.

O telemóvel de Filipe tocou. Atendeu:

– Sim, diga Marília… O quê? – as mãos tremeram-lhe – Vou já para aí.

O inspector estava curioso. Filipe explicou:

– Quando a Marília chegou e ia abrir a porta do escritório, tropeçou num corpo…

– Um corpo?

– Sim. O Janelas. Com a garganta cortada.

A seguir – Janelas, o travesti

Leave a Reply