por Rui Oliveira
Mau grado a relevância dos espectáculos da próxima Terça-feira, objecto deste Pentacórdio, comecemo-lo por referir duas NOTÍCIAS EM ATRASO, por lapso omitidas, relativas aos habituais concertos da época pascal a ocorrer HOJE, com entrada livre, que incluiremos no final deste relato.
Na Terça-feira, 26 de Março, inicia-se no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, às 21h, um ciclo de três recitais (com o mesmo programa) que prossegue na Quarta 27, às 19h para se encerrar na Quinta 28, às 21h.
Intervêm o Coro Gulbenkian e a Orquestra Gulbenkian dirigidos pelo maestro Michel Corboz bem conhecido do público local, que serão coadjuvados pelos cantores : a soprano suiça Rachel Harnisch, o tenor português Fernando Guimarães e o barítono suiço Rudolf Rosen.
O programa deste ciclo de concertos compreende de :
Johann Sebastian Bach Cantata “Ich hatte viel Bekümmernis”, BWV 21
Johannes Brahms Um Requiem Alemão, op. 45
Da última peça, a mais longa, lembra a Gukbenkian Música ter tido uma estreia acidentada em 1867 por erros vários. Escrita entre 1865 e 1868 após a morte de sua mãe (daí os versos iniciais «Felizes os que choram, pois serão consolados»), acabou por ser Brahms a dirigi-la e com o famoso barítono Julius Stockhausen como solista, com um sucesso imediato.
Mostramos-lhe aqui, integralmente, a interpretação que faz do Requiem o próprio Michel Corboz com o Ensemble Vocal de Lausanne & Sinfonia Varsovia, na Folle Journée de Nantes de 2011, com a soprano Sónia Grané e o barítono Peter Harvey (Atenção – os vídeos vão-se sucedendo automaticamente !) :
Quanto à primeira, a bem conhecida Cantata “Ich hatte viel Bekümmernis”, BWV 21 o leitor, se quiser, poderá gozá-la neste interpretação (em vídeos sucessivos a escolher no ecrã – atenção!) que lhe deu o maestro Philippe Herreweghe dirigindo a orquestra La Chapelle Royale e o coro Collegium Vocale com Barbara Schick, Gerard Lesne, Howard Crook, Peter Harvey e Peter Kooy :
Entretanto, também nesta Terça-feira, 26 de Março, vem ao Maria Matos Teatro Municipal (MMTM) (Av. Frei Miguel Contreiras, nº 52), num regresso após a sua vinda “em ambientalismo polimórfico” em 2009, o músico compositor norte-americano Jon Hassell num concerto que intitulou “Sketches of the Mediterranean : Celebrating Gil Evans”.
No palco, além da trompete e teclados de Jon Hassell, estarão a guitarra e electrónica de Rick Cox, o baixo eléctrico de Michel Benita e o violino de Kheir Eddine M’Kachiche.
Acrescenta o MMTM :
« É recorrente encontrar referências a Jon Hassell que o colocam lado a lado com Miles Davis no jazz da década de 1970. Os puristas talvez considerem esta ideia uma intromissão num género tão aberto a iconoclastas, mas, no seu tempo, tanto On The Corner de Davis (1972), como Vernal Equinox (1977), a estreia de Hassell, foram rejeitados pela crítica e pela comunidade jazzística. O tempo tratou de emendar as actas e hoje são ambas obras reconhecidas que inauguraram novos caminhos para a música que se lhe seguiu ― a primeira abriu o jazz ao funk, a segunda trouxe o resto do mundo para o jazz.
A fase eléctrica ou fusionista de Miles nos anos 1970, bem como a visão sonora do produtor Teo Macero, foram cruciais para a definição de algumas das estratégias musicais de Jon Hassell que duram até hoje. Com a homenagem a Gil Evans neste novo trabalho, a aproximação de Hassell a Miles Davis é ainda mais evidente …» .
E dessa proximidade, diz Hassel (in Atual) “Nunca olhei … nesses termos, no facto de estar a expandir o vocabulário do trompete quando Miles se recluiu; mas é verdade que tudo começa pela imitação e, com sorte, ouvindo o que dizem os sentidos, daí se pode formar a individualidade …”.
Quem queira conhecer o seu álbum-fundador Vernal Equinox (1977) gravado nos York University Electronic Media Studios de Toronto (Ontario, Canadá), clique aqui : http://youtu.be/60gSsJGwo5Y . Para um registo mais actual, deixamo-lo começar a ouvir a partir de Amsterdam Blue (2000, para o filme The Million Dollar Hotel), seguindo-se o Blue Period (2009) e sucessivos temas que precedem os Sketches of the Mediterranean, ainda sem gravação no YouTube (que eu encontrasse…) :
Por último e mudando radicalmente de campo, assinale-se no Instituto Cervantes a continuação do ciclo de homenagem ao cinema peruano “El Universo de Lombardi” exibindo do realizador Francisco J. Lombardi o seu filme “Un cuerpo desnudo” (Peru, 2008), cujos intérpretes principais são Gustavo Bom, Gonzalo Torres, Haysen Percovich, Carla Vallenas e José Miguel Arbulú.
Sinopse : É a história de quatro amigos de diferente condição social e idades diversas, que se reúnem mensalmente para um jogo de póker. Uma dessas reuniões é acidentada pelo aparecimento do corpo nu de uma mulher, o que desencadeia uma luta contra demónios interiores, os impulsos machistas face ao companheirismo e …
Este é o seu filme-anúncio :
Indo agora às NOTÍCIAS EM ATRASO :
Promovido pelos Vox Laci, associação coral que desde 2005 lançou o Ciclo de Concertos de Ramos, vai neste Domingo, 24 de Março ter lugar a 9ª edição dessa iniciativa que se caracteriza, entre outros aspectos, pela escolha anual para dirigir a série de eventos de um Maestro Internacional de reconhecido mérito.
Em 2013 o maestro convidado será Raimon Romani (foto), um compositor (La llegenda de Sant Jordi, Magnificat) e maestro catalão, actualmente a dirigir o Coral Nova Ègara, o coro do Conservatório de Sant Cugat del Vallès, o Coro Jovem de Fusió e o Coro da Escola de Biologia da Universidade de Barcelona.
A actuação dos VOX LACI terá lugar em três locais emblemáticos de Lisboa, Mafra e Cascais e começa exactamente neste Domingo, 24 de Março (dito de Ramos), às 16h, com um concerto na Igreja de São Roque, com o programa seguinte :
Christus factus est de Felice Anerio (1560-1630)
Verily, verily I say unto you de Thomas Tallis (1505-1585)
Ecce quomodo moritur de Jacob Handl “Gallus” (1550-1591)
Adoramus te Christe de Quirino Gasparini (1721-1778)
Tenebrae factae sunt de Michael Haydn (1737-1806)
Salvum fac regem de Carl Loewe (1796-1869)
O crux ave spes única de Ferran Sor (1778-1839)
Ave verum de Saint-Saëns (1835-1921)
Salve Regina, op. 107, n. 4 de Rheinberger (1839-1901)
In monte oliveti de Jouzas Naujalis (1869-1934)
De profundis clamavi de Vic Nees (1936-)
Ave Maria de Raimon Romaní (1974-)
Lembra-se, àqueles que não puderem assistir a este concerto, que o mesmo programa é repetido pelo Coro Vox Lacis no próximo Domingo, 7 de Abril, num Concerto Extra no Mosteiro dos Jerónimos (Sala do Capitulo) às 11h (desta vez dirigido pelo Maestro Myguel Santos e Castro).
Também no Domingo, 24 de Março (dito de Ramos), há outro concerto de entrada livre, às mesmas 16h na Igreja de São Domingos, pelo Coro da Universidade Católica Portuguesa e pelo Coro Santo Inácio.
No seu programa o Coro de Santo Inácio abre o concerto com à Entrada do Senhor (A.Fer.dos Santos), Ó Vítima sagrada (J.S.Bach), Domine non sum Dignus (Tomás luís de Victoria), Crux Fidelis (El Rei D.João IV), Sangue de Cristo (M.Faria/M.das Neves), O Jesu Christe (J.van Berchem), Stabat Mater dolorosa (Estêvão de Brito), Regina Coeli laetare (Gregor Aichinger).
Segue-se-lhe o Coro da U.C.P. entoando os espirituais negros All night all day, When the stars begin to fall, Walk in Jerusalem, I’m gonna sing, Down the river to pray e depois The candle of the Lord (Joy Webb/Sérgio Peixoto), Irish blessing (James E.Moore), Look at the world (John Rutter), Al slosha d’Varin (Allan Naplan).
Os dois coros em conjunto encerram o concerto cantando Credo Domine! (adapt. A.Cartageno).
(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Domingo aqui)
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