O PATO ALGEMADO – XXXV- por Sérgio Madeira

Imagem2Prosseguia a reunião no gabinete de Filipe Marlove.

Os trabalhos foram interrompidos para um cofee break  – Marília trouxe as chávenas num tabuleiro e começou a distribuí-las. Quando ia pôr uma em frente do Pato, o Professor disse:

– Alto! Para esse senhor traga antes uma infusão de milho painço!

Gargalhadas. Só o Pato não se riu. Tossiu e quando os risos acalmaram, disse:Imagem1

– Muito obrigado, Professor. Tenho aqui uma prenda para o senhor…

– Uma prenda?

– Uma prenda, um presente, uma atenção… – e do bolso interior da gabardina tirou um sobrescrito. Em letras desalinhadas, tinha escrito

Kwa!

Deu-o ao Filipe Marlove que o entregou ao Professor. Este, abriu-o.

– O que é isto?

– Isto? – o Pato grasnou – São maneiras de tratar a ex-primeira dama de França?

O Professor, guardou o envelope. Parecia irritado:

– Onde encontraste isto?

– Na Biblioteca do Estado, em Berlim – Estava perto da foto da Dona Angela. E tinha mais…

O Professor estava zangado:

– Tenho a impressão de que hoje o almoço vai ser arroz de pato…

O inspector Pais sorveu ruidosamente o café. Mastigava o último pastel de bacalhau.

– Vamos então acabar a reunião.

O Pato grasnou de novo:

– Também trouxe uma prenda para o Inspector. Tirou outro envelope. Dizia –

Kwa

 Imagem2

O inspector ficou siderado – Passou a foto a Filipe. Marília que, servidos os cafés, voltara ao seu lugar, verbalizou o espanto de Pais e de Filipe:

– A mecânica Celeste!

Os rostos viraram-se para o Pato.

– Onde arranjaste isto?  – berrou o Pais.

– Em Berlim, na Biblioteca.

– Dass! – o Pais estava indignado. Voltou-se para Sérgio Madeira:

– Você não tem vergonha?

– De quê?

– Então é assim que você, escritor, jornalista, resolve as suas histórias?

– Assim como?

–  Não se arme em esperto! – o Pais estava vermelho de ira – Não se arme em esperto comigo! – tossiu – Esta história, ou melhor, estas histórias, visto que há aqui duas histórias misturadas, são uma desgraça…

Bateram à porta. Era o Esteves:

– Desculpe interromper, senhor inspector.

– Diga lá!

– Está aqui o senhor ministro Vítor Gaspar…

O inspector acalmou:

– Diga para entrar  – e acrescentou para os outros – Vamos lá ver se isto ganha algum rumo.

 

Leave a Reply