POESIA AO AMANHECER – CELSO EMILIO FERREIRO – por Manuel Simões

poesiaamanhecer

CELSO EMILIO FERREIRO

(1914 – 1979)

DEITADO FRENTE AO MAR…

 

            Lingoa proletaria do meu pobo

            eu faloa por que sí, porque me gosta,

            porque me peta e quero e dame a gaña

            porque me sai de dentro, alá do fondo

            de unha tristura aceda que me abrangue

            ao ver tantos patufos desleigados,

            pequenos mequetrefes sin raíces

            que ao pór a garabata xa non saben

            afirmarse no amor dos devanceiros,

            falar a fala nai,

            a fala dos abós que temos mortos,

            e ser, co rostro erguido,

            mariñeiros. labregos do lingoaxe,

            remo i arado, proa e rella sempre.

 

            Eu fáloa porque sí, porque me gosta

            e quero estar cos meus, coa xente miña,

            perto dos homes bós que sofren longo

            unha historia contada em outra lingoa.

 

            Non falo pra os soberbios,

            non falo pra os ruís e poderosos,

            non falo pra os estúpidos,

            non falo pra os valeiros,

            que falo pra os que agoantan rexamente

            mentiras e inxusticias de cotío;

            pra os que súan e choran

            un pranto cotidián de volvoretas,

            de lume e vento sobre os ollos núos.

            Eu non podo arredar as miñas verbas

            de todos os que sofren neste mundo.

            E ti vives no mundo, terra miña,

            berce da miña estirpe,

            Galicia, doce mágoa das Españas,

            deitada frente ao mar, ise camiño…

           

            (de “Longa noite de pedra”. Transcrito de Basilio Losada,

            “Poetas Gallegos Contemporáneos”, Barcelona, 1972).

 

Nasceu em Celanova (Orense). Fundou as revistas “Finisterre” e “Sonata Gallega”, ambas de vida efémera. Em 1966 emigrou para a Venezuela, onde colaborou com a “Hermandade Galega”, e, ao voltar a Espanha, trabalhou como jornalista em Madrid.

Obra poética em galego: “Cartafol de poesía” (1935), “O sono sulagado” (1954), “Longa noite de pedra” (1962), “Viaxe ao país dos ananos” (ed. bilingue, 1968), “Terra de ningures” (1969), “Cimenterio privado” (1973), “Donde el mundo se llama Celanova/ Onde o mundo se chama Celanova” (ed. bilingue, 1973), e “O libro dos homenaxes” (ed. póstuma, 1979). Em Portugal publicou-se o vol. “Autoescolha poética (1954-1971)”, Porto, Razão Actual, 1972.

Leave a Reply