13. Em casa do banqueiro Martinho
A reunião em casa do banqueiro depressa degenerou em barafunda.
– O dinheiro escasseia na ilha porque o senhor o vai retirando de circulação. Nós pagamos e voltamos a pagar, mas devemos ainda o mesmo montante
que devíamos no início. Trabalhamos, construímos belas quintas, e eis-nos em bem pior situação do que quando o senhor aqui chegou. A dívida! A dívida! A dívida que vá para o diabo que a carregue!
– Vamos lá meus amigos, raciocinemos um pouco. Se as vossas terras estão mais bonitas, é graças a mim. Um bom sistema bancário, é o mais belo activo de um país. Mas para tirar proveito dele é preciso, acima de tudo, manter toda a confiança no banqueiro. Vinde a mim como junto de um pai… Quereis mais dinheiro? Muito bem. O meu barril de ouro vale bem muitas vezes mil dólares… Olhai! Vou hipotecar de novo as vossas propriedades e, após essa operação, vou emprestar-vos em seguida mais um milhar de dólares.
– Duplicar a dívida? Duas vezes mais juros a pagar todos os anos, ano após ano?
– Sim, mas eu vos emprestarei ainda mais, contanto que vos aumentareis o vosso valor patrimonial e não precisam de me pagar senão os juros. Ireis acumulando os empréstimos; chama-se a isto dívida consolidada. Dívida que poderá aumentar anualmente. Mas o vosso rendimento aumentará também. Graças ao meu financiamento, podereis desenvolver a vossa nação.
-Então nesse caso, quanto mais fizermos, prosperar a ilha, mais a nossa dívida global aumentará?
– Como em todos os países civilizados, a dívida pública é um barómetro da prosperidade.
Amanhã – o lobo come os carneiros