Transcrito do Jornal Fraternizar com autorização expressa do autor
Constitui uma vergonha e uma humilhação contra as inumeráveis vítimas da história do passado, do presente e do futuro, tudo o que, nestes últimos dias, se tem feito por ocasião da morte de alguns dos considerados grandes entre os milhares de milhões de seres humanos que actualmente habitamos a Terra. Até com este seu modo de proceder/agir, os grandes do grande Poder financeiro global mostram toda a sua perfídia estrutural e institucional. Fazem, demencial e absurdamente, tudo, mesmo tudo, para celebrar a morte de alguns poucos, muito poucos, dos muitos que os servem e se lhes dedicam por inteiro e ao Poder financeiro, ao mesmo tempo que cientificamente continuam a fazer tudo, mesmo tudo, contra a vida de qualidade de todos os seres humanos e de todos os povos da Terra, e contra a própria Terra. O que fizeram, nestes nossos dias, os milhões de euros ou de dólares que gastaram, as deslocações e mobilizações de pessoas que desencadearam, por ocasião da recente morte de Nelson Mandela, de Eusébio da Silva Ferreira, de Ariel Sharon, este último, anos e anos ligado às máquinas em coma profundo, é o cúmulo da vergonha e da humilhação com que todos os dias, 24 horas sobre 24 horas, estão, científica e impunemente, a fazer contra a vida e vida de qualidade dos mais de sete biliões de seres humanos sobre a Terra. Só um tipo de mundo, como este, gerado e alimentado pelo Poder financeiro global, intrinsecamente mentiroso, pai de mentira e assassino desde o princípio (é de JESUS SEGUNDO JOÃO, 8), é capaz de tamanha perfídia à escala global. Seremos cegos que não querem ver, se não vemos. E, também criminosos, se continuamos a manter e a justificar, ideológica e, até, teologicamente, semelhante tipo de mundo.
O lema deste tipo de mundo é este: Tudo pela morte contra a vida de qualidade de todos. Na incapacidade de promover e celebrar a vida de qualidade e em abundância de todos os seres humanos e povos da Terra, o grande Poder financeiro e os grandes que o servem e lhe dão corpo e visibilidade, matam sistematicamente os povos empobrecidos e oprimidos do mundo e, depois, para compensar e nos cegar, celebram a morte de uns poucos, muito poucos, que o servem e os servem. Os intelectuais – filósofos, cientistas, economistas, teólogos, escritores – mai-las universidades, igrejas, grandes media, estão todos apanhados por este sistema e por este tipo de mundo em que todos nós estamos condenados a ter de nascer, viver e morrer. Sim, condenados. O próprio acto de conceber e de gerar filhas, filhos, num tipo de mundo como este, é, hoje, só por si, uma crueldade. É conceber e gerar novos escravos, engravatados ou pé descalço, mas escravos, ao serviço do grande Poder financeiro e dos grandes que lhe dão corpo e visibilidade, uma planetária fábrica de produção de pobres e de pobreza em massa, de oprimidos e de excluídos, de vítimas, que já o são desde o ventre das suas mães.
O Mais trágico de tudo isto, é que, para cúmulo, achamos que, tentar saltar fora deste tipo de mundo, é, só por si, uma loucura. Não lhe chamamos assim, obviamente. Escolhemos uma palavra mais sonante, mais erudita, mas que, na boca de quem a diz ou na mão de quem a escreve, significa, exactamente o mesmo. Dizemos e escrevemos, utopia! E chamamos, utópicos, aos poucos lúcidos e corajosos que se atrevem a tentar saltar fora deste tipo de mundo, gerado e alimentado pelo Sistema de Poder financeiro, intrinsecamente mentiroso, ele próprio, mentira e assassínio. Quando empobrece os seres humanos e povos, e os oprime, exclui e mata, e os mantém, anos e anos condenados a ter de vegetar em condições degradadas e degradantes, faz simplesmente o que é da sua natureza fazer. Não se podem colher uvas e figos dos espinheiros, dos abrolhos, diz Jesus. E espinheiro, abrolho, à escala global é, hoje, o Poder, todo o Poder, hoje, um só, o grande Poder financeiro.
É ele que faz questão de celebrar, com pompa e circunstância, a morte de alguns poucos, muito poucos, que, de uma ou de outra maneira o serviram, enquanto, ao mesmo tempo, mata, sem dó nem piedade, os mais de sete biliões de seres humanos e povos que habitamos hoje esta nave Terra, transformada em nave dos loucos e numa planetária fábrica de produção de pobres e de pobreza, numa palavra, numa planetária fábrica de morte e de culto da morte, com panteões, basílicas, catedrais do futebol dos milhões e tudo. Uma vergonha. Uma humilhação para os seres humanos e os povos da Terra.
Seremos ainda capazes de nos desanestesiarmos e tomarmos em mãos, organicamente e ao modo dos vasos comunicantes, os nossos destinos nas próprias mãos? Saibamos que para isso nascemos e viemos ao mundo. Acreditemos em nós próprios e uns nos outros, e a ajamos politicamente em conformidade!
… Fulminante seria se, um dia destes, todos em simultâneo, deixássemos de entregar impostos ao fisco, deixássemos de pagar os empréstimos à banca e ninguém votasse.
Isso sim, paralisaria de vez o sistema e obrigaria a repensar tudo à luz de um novo paradigma.
* Que artigo fulminante -* Acreditemos em ns prprios e uns nos outros, e a ajamos politicamente em conformidade!
Maria
… Fulminante seria se, um dia destes, todos em simultâneo, deixássemos de entregar impostos ao fisco, deixássemos de pagar os empréstimos à banca e ninguém votasse.
Isso sim, paralisaria de vez o sistema e obrigaria a repensar tudo à luz de um novo paradigma.