LIVRO & LIVROS – THE BIG KNOCKOVER, de DASHIELL HAMMETT – por João Machado

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Dashiell Hmmett (1894 - 1961) Obrigado à Wikipedia Commons
Dashiell Hmmett (1894 – 1961)
Obrigado à Wikimedia Commons

Sexta-feira passada, 10 de Janeiro, completaram-se 53 anos sobre a morte de Samuel Dashiell Hammett (1894-1961), sobre quem Raymond Chandler escreveu, em The Simple  Art  of  Murder, que “tirou o assassinato da jarra veneziana e o pôs no meio da rua; não é que tenha de ficar ali permanentemente, mas parece boa ideia afastá-lo o mais que possível do conceito de Emily Post sobre como uma debutante deve comer uma asa de frango”. E mais adiante Chandler acrescenta que “Hammett devolveu o assassinato às pessoas que o cometem por razões concretas, não apenas para disponibilizar um cadáver”. Dashiell Hammett é geralmente considerado como o pioneiro do romance policial negro, mais concretamente por ter imprimido á literatura policial um cunho de dureza e realismo muito diverso do que vinha predominando até à década de 1920. A sua experiência como detective na agência Pinkerton ajudou-o, inclusive fornecendo-lhe material para as suas histórias. O agente Continental que protagoniza muitos dos enredos que criou foi sem dúvida engendrado a partir da sua experiência, talvez mais do que o Sam Spade de The Maltese Falcon, ou o Nick Charles, de The Thin Man.

Lillian Hellman (1905-1984), amiga e companheira de Hammett durante cerca de trinta anos, e que o acompanhou até à morte, promoveu, a título póstumo, a publicação de The Big Knockover ans other stories, uma colectânea de dez contos (ou short stories, se preferirem), um dos quais, Tulip, era para vir a assumir a forma de romance.  Lillian Hellman escreveu a introdução, e informa-nos nunca ter pretendido escrever a biografia de Hammett.  Outros, como Richard Layman, escreveram sobre a vida deste, mas aqui temos uma abordagem muito pessoal, que nos revela algo de profundo sobre o homem vertical e altivo que enfrentou a cadeia para não quebrar as suas convicções e exprimir o seu desprezo por um processo iníquo, que lhe foi levantado para o obrigarem a revelar os nomes de quem tinha contribuído para um fundo de apoio ao Congresso para os Direitos Civis, de que chegou a ser presidente. Lillian Hellman descreve o  calvário que foi a vida do seu companheiro e amigo, perseguido pela doença e pelo vício do álcool e do fumo, mas sempre sem abdicar dos seus princípios. O vigor das suas convicções e a importância que lhes dava ressaltam claramente da narração, assim como a enorme cultura e a estatura moral de Hammett.

The Big Knockover ans other stories foi traduzido para português por Cássia Zanon, sob o título O Grande Golpe, e publicado em 2009 por L&PM Editores, no Brasil. A Penguin publicou-o na sua colecção Classic Crime, com várias edições desde 1969. A primeira edição do livro data de 1966, numa editora que terá sido a Cassell, pelo que se depreende da ficha técnica.

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