REGRESSOU A CAIXINHA DE FURINHOS DOS CHOCOLATES REGINA! Por Luísa Lobão Moniz

olhem para  mim

Regressou a caixinha de furinhos dos chocolates Regina!

Aí vão os que quando eram crianças e espreitavam por cima dos balcões dos cafés e dos quiosques e que se esticavam todos para pedir o pauzinho para fazer um furo, sonhando com a bolinha prateada que era a que dava a maior tablete de chocolate.

Mas como se deduz, era muito difícil ver cair a dita bolinha.

A caixinha desapareceu dos balcões dos cafés após o 25 de Abril, porquê não sei, se calhar porque, como país democrático que passamos a ser, começamos a ter “coisas” mais apetecíveis, mais variadas. A caixinha era um divertimento e um luxo de uma época que nos fazia satisfazer com o que havia.

Coca-cola, só se fôssemos a Espanha, por cá era tão bom a “Laranjina C”…bolachas, é claro, a “Bolacha Maria”, “Línguas de Gato” e Línguas da Sogra” faziam a delícia da gente pequena, não esquecendo as pastilhas elásticas cor de rosa e que ficavam duríssimas depois de serem mastigadas meia dúzia de vezes…

3ª classe

 

Na escola era o “livro único”, da Editora Nacional, que voltou para os escaparates das livrarias para afagar a nostalgia de uma escola rígida, sexista, em que saber ser pobre, mas honrado era uma virtude.

Apareceram os cadernos de duas linhas que tinham como finalidade fazer com que as crianças, de uma dada geração, tivessem, todas o mesmo desenho (caligrafia) das letras e das palavras.

 Ainda hoje sou capaz de, pela caligrafia, saber a geração de quem escreveu a palavra. A letra redondinha é, sem dúvida, da minha geração de raparigas.

O livro único ensinava a conformação e a submissão.

O homem sustentava a família que, ao fim do dia, quando chegava do trabalho, era recebido com a alegria dos filhos e a admiração da mulher. O que o livro não dizia era que esse homem podia bater na mulher e nos filhos porque nada lhe acontecia, “é assim mesmo, eu é que sustento a família” ..

Mas a realidade era um pouco diferente, nem os filhos corriam para o pai de braços abertos todos os dias, nem a mulher apreciava a conduta do marido.

Silenciosos pensavam que o pai não devia ser mau com a mãe e que eles não mereciam ser batidos, por tudo e por nada, só para os rapazes aprenderem a ser homens e as raparigas a serem “donas de casa”.

Quando havia a verdadeira caixinha de furinhos, não havia, na maioria das crianças, dinheiro (ainda escudos) para usufruir aquela alegria de dizer ”olha, foi a verde!”

Quando na escola os meninos e as meninas tiravam o livro único, uns da pasta outros da sacola, a professora dizia o número da página…  as mãos dos meninos e das meninas tinham todas cinco dedos, mas umas tinham feridas de coçarem as frieiras, por causa do frio, e outras tinham as mãos macias de quem usava luvas.

Alguns meninos iam calçados e outros descalços….era assim.

O Senhor Primeiro Ministro não conviveu com esta realidade, não quer que o sonho de Abril continue o seu caminho e então resolveu pôr pedras altas e duras para travar a liberdade e o bem estar dos portugueses, mas primeiro foi, timidamente, à sua professora com o caderno na mão para ela escrever “bom aluno”.

De onde se pode concluir que ser bom aluno é aquele que é prepotente, sem saber a lição da liberdade e da honestidade.

O PM não sabe que com pedras também se fazem barricadas e se fazem revoluções!

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