POESIA AO AMANHECER – 397 – por Manuel Simões

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                                                                  EMANUEL FÉLIX

      ( 1936 )

           CANÇÃO PARA UM POETA AUSENTE

            Tua voz tua voz uma bandeira ao vento

            árvore plantada à beira da ternura

            pássaro voando na amplidão do sangue

            poema espada flor ou pedra dura

 

            Tua voz tua voz um vinho um vime

            fustigando as ideias vigilantes

            urgente como o apelo de um amigo

            próxima como o povo mais distante

 

            Tua voz tua voz um raio um rio

            ardente como o querer do semeador

            grito junto à manhã anúncio da chegada

            de um navio branco como o nosso amor

 

            Tua voz tua voz uma bandeira ao vento

            espada plantada à beira da ternura

            pássaro ardendo na amplidão do sangue

            foice poema flor ou pedra dura

 

            (de “A Palavra O Açoite”)

Poeta ,ensaísta e pintor. Foi co-director da revista literária “Gávea” (1958). Publicou os volumes de poesia: “O Vendedor de Bichos” (1965), “A Palavra O Açoite” (1977), “A Viagem Possível” (1984), “Seis Nomes de Mulher” (1985), “O Instante Suspenso” (1992), “Habitação das Chuvas” (1998).

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