POESIA AO AMANHECER – 498 – por Manuel Simões

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TAHAR BEKRI

( 1951 )

SONHO EM TRIESTE (fragmento)

Eis-te de novo velho mar

pleno das minhas âncoras

Nem a vaga ausente

Nem o silêncio da luz

Dizem à gaivota

Sê amável

Com as minhas velas

Quantas rugas

Cordas oferecidas à errância

São precisas ao sol

Para ser surdo aos canhões

Aqui estão os meus mastros

Ciumentos dos descuidados pinheiros

Mais inquietos que as colinas

Por amar demasiado os sinos

Arde Sarajevo

Porque não aboliste as fronteiras

Nas veias do vento

Ulisses

Dos secretos amores

Ocultos no horizonte

… … … … … … … …

(de “Poesia em Lisboa/2000”)

Poeta tunisino. Depois da sua prisão em 1975, exilou-se em França e, até 1989, teve o estatuto de refugiado árabe. É considerado uma das vozes mais importantes do Magrebe. Da sua obra poética destacamos: “Le laboureur du Soleil” (1983), “Le chant du roi errant” (1985), “Journal de neige et de feu” (em árabe, 1997), “Inconnues saisons/Unknown Seasons” (antologia bilingue, 1999).

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