Muita gente se interroga sobre os motivos que levam tantos cidadãos africanos, do Médio Oriente e de outras paragens a procurarem fugir dos seus países, correrem perigos e sofrimentos espantosos pelos caminhos mais incríveis, serem roubados e humilhados por engajadores (era assim que chamavam aos indivíduos que organizavam as idas dos nossos emigrantes para França nos anos de 1960) desprovidos dos escrúpulos mais elementares, e muitas vezes perecerem tragicamente. Também ultimamente aparece quem se interrogue sobre o que faz com que jovens aparentemente saudáveis e na maioria bem intencionados deixem os seus países e as suas famílias para irem combater por causas altamente discutíveis longe das suas casas. A explicação óbvia para a maioria das situações está nas horríveis condições de vida predominantes nas suas pátrias, onde são desprezados e mal tratados, e não têm as menores hipóteses de acederem a condições de vida com um mínimo de dignidade.
Nos dois links abaixo encontramos referências às condições de vida em Westpoint, um bairro da lata de Monrovia, a capital da Libéria, que parece ser o país mais afectado pela epidemia de Ébola. Em Westpoint vivem cerca de 75000 pessoas, há apenas 4 casas de banho em todo o bairro (ouvimos este número, que obviamente não podemos confirmar) e as pessoas foram postas de quarentena, ficando muitas delas impedidas de ir trabalhar, ou mesmo de ir procurar água e alimentos para a família. Correm boatos de que o Ébola não existe, de que é apenas um pretexto para os governantes pedirem auxílios ao estrangeiro, para depois o dilapidarem em proveito próprio. As famílias chegam a esconder os doentes, por não confiarem no sistema de saúde. A crise de cidadania é avassaladora, isto apesar de a Libéria apresentar um crescimento económico elevado. Contudo os índices de desenvolvimento humano são baixíssimos. A atribulada história do país e as precárias condições de vida da maioria dos seus cidadãos fazem com que este país de quatro milhões esteja no epicentro do que é um dos maiores problemas mundiais, não duvidem. Chamamos a vossa atenção para que o segundo link dá acesso ao Poverty Matters Blog, apoiado pela Fundação Melissa and Bill Gates.
Maria â