NESTE DIA… 24 de NOVEMBRO de 1632, nasceu ESPINOSA

Neste dia... - João - II

Spinoza

Baruch (Benedito ou Bento) de Espinosa nasceu em Amsterdão, filho de judeus portugueses, fugidos da Inquisição e das perseguições movidas aos cristãos-novos seu país natal. O pai, Miguel de Espinosa, nasceu na Vidigueira. A família refugiou-se em França, mas anos depois teve de voltar a fugir, desta vez para os Países Baixos. Fixou-se primeiro em Roterdão, e a seguir em Amsterdão, como mercador. Aqui, Miguel voltou a seguir abertamente o judaísmo, integrando-se com a família numa comunidade de fugitivos de Portugal. Baruch teve a educação tradicional judaica até aos 17 anos, altura em que teve de começar a trabalhar no negócio da família, por ter morrido o irmão mais velho. Aos vinte anos começou a estudar latim com Franciscus Van Dem, um livre-pensador e democrata, e a conviver com comunidades cristãs, que incluíam indivíduos tidos pela igreja como heréticos. Como pôs em dúvida a origem e a natureza das leis hebraicas, a comunidade onde pertencia expulsou-o. Chegou a ser o alvo de uma tentativa de assassinato. O édito de expulsão(chérem) proferido, em 27 de Julho de 1656, acusa-o de heresia, mas sem concretizar no que consistiam as ofensas. Espinosa foi também expulso pelo governo de Amsterdão. Entretanto, o pai tinha falecido e o negócio de família faliu, devido à guerra com a Inglaterra. É de frisar que nunca se converteu ao cristianismo, tendo aliás as suas obras também sido banidas pela Igreja.

220px-Spinoza_Tractatus_Theologico-PoliticusEspinosa passou o resto da sua vida lendo, estudando e ensinando. Declinou sistematicamente honrarias. Ganhou a vida como polidor de lentes, campo em que se distinguiu ajudando a fabricar microscópios e telescópios, e colaborando com sábios como Huygens (1629–1695) em estudos de óptica. Travou amizade com Jan de Witt (1625–1672), matemático e uma das figuras proeminentes da república holandesa. Mas a filosofia foi o grande objecto da sua existência. Seguindo os ensinamentos de Copérnico (1473-1543) e de Giordano Bruno (1548-1600), e fazendo uma crítica aos ensinamentos de Descartes (1596-1650), estabeleceu as bases do pensamento do Iluminismo, e desenvolveu uma visão crítica da bíblia. Defendeu uma ideia de Deus, diferente da tradicional, que António Damásio sintetiza em Ao Encontro de Espinosa (pág. 305 da edição da Europa-América):

“O sistema de Espinosa inclui Deus, mas não um Deus providente concebido na imagem dos homens. Deus é a origem de tudo o que está perante os nossos sentidos, uma substância sem causa, eterna e com atributos infinitos. Mas Deus é também tudo quanto há. Deus é a natureza, e a sua manifestação mais evidente são as suas criaturas vivas. Estas ideias são expressas num espinosismo bem conhecido, a expressão Deus sive Natura – Deus ou Natureza. Deus não se revelou aos seres humanos da maneira apresentada na Bíblia. Não é possível rezar ou suplicar ao Deus de Espinosa.”

Esta ideia de Deus põe em causa toda a visão clássica do cristianismo. E o judaísmo nunca aceitou rever o banimento de Espinosa. Entretanto, as suas obras principais foram o Tratado Teológico-Político (1670), em que separa a filosofia da teologia, e a Ética (1677), em que trata das relações entre Deus e o Universo, e entre o corpo e a alma, do instinto de sobrevivência e da importância das emoções.

Espinosa faleceu na Haia, provavelmente devido a uma doença pulmonar causada pelo pó das lentes, em 21 de Fevereiro de 1677.

________

Obrigado à Wikipedia.

Leave a Reply