Levita no sono e sossega
que um pesadelo oriental
logo por ti escorrega…
Embarca com calma
nas urnas portuguesas
que escorbuto d’alma
que mostra-te águas defesas
Os mortos pegam-te ao colo…
Segue pois contente e descansado
com a cabeça a tiracolo…
Ao cesto da gávea marinheiro
gesticula e berra
disfarçado de gajeiro
esquece a palavra terra.
Miragens de harmonia
p’las ondas vêm-se já…
Saudades em agonia
Quantas há?
Escala latitudes
ou passagem meridiana
em vez de atitudes
volta-te na cama.
De “peluche” com medo
Adamastor útil companheiro
sonho de um rochedo
junto ao travesseiro…
Não precisas de roteiro
nem estrela a brilhar
destino faroleiro
ou Rei a apontar.
Vai às apalpadelas
cheio de sorte
debaixo das velas
guiado pela morte.
Enrosca a cabeça
(extremo cuidado!)
para que pareça
que vais acordado.
Lençol despregado…
Sopram-te sonhos em rama
mas todo anuviado
sól mixas na cama!