NO MEIO DE TANTAS ATRIBULAÇÕES, VALE A PENA LUTAR PELA VIDA DE UM PINHEIRO COM 300 ANOS? por clara castilho

No dia 21 de Março de 2015, Dia Mundial da Árvore e das Florestas, começou a correr um abaixo-assinado no Vale de Santarém que pretende que sejam tomadas medidas de defesa, preservação e manutenção de uma riqueza do património natural, paisagístico e cultural, no Vale de Santarém, no Concelho e Distrito de Santarém e no País, que é o Pinheiro das Areias.

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Mesmo só pensando no nosso país, no meio de tantas atribulações, crianças a serem mortas, greves na defesa das condições de trabalho, a pobreza a aumentar, devemos preocupar-nos com um pinheiro? É uma ninharia, ou pode ser o exemplo de uma situação até nem muito difícil de resolver e que pode significar a união de uma população, o respeito pela história (a ambiental também é parte de nós…), o ensino às crianças do respeito pela natureza?

Podemos continuar a viver sem pensarmos na destruição do planeta que contuamente fazemos? Podemos continuar a ignorar o futuro? Só interessa o futuro das próximas eleições ou o futuro do planeta?

Esta árvore, com cerca de 300 anos, considerado o maior pinheiro em Portugal, com um perímetro de 8 metros, classificada de interesse público, um dos ex-libris da vila, figurando como brasão da freguesia.

O texto do abaixo assinado é o seguinte:
O Pinheiro das Areias é um pinheiro manso existente no Vale de Santarém, ao qual é atribuída a idade próxima dos 300 anos, que foi tendo um crescimento invulgar, sendo considerado o pinheiro manso com maior perímetro de base medido em Portugal – perto de oito metros. Dadas estas características, que os habitantes do Vale de Santarém se habituaram a admirar ao longo das suas vidas, o pinheiro e o espaço em seu redor passaram a ser local de encontro de crianças e adultos, pelo que, ao longo de gerações, a árvore se transformou num símbolo da terra, vindo a ser escolhida para integrar o brasão da vila.

Reconhecida e classificada como árvore de interesse público, conforme se lê no Diário da Républica n.º 17, II Série de 21.05.92, esta árvore monumental é, nos termos da lei, considerada “património de elevadíssimo valor ecológico, paisagístico, cultural e histórico”, tem um estatuto de protecção idêntico ao do património edificado classificado, devendo ter uma zona de protecção de 50 metros em redor da sua base, sendo qualquer intervenção na área envolvente, ou nela própria, condicionada a parecer do ICNF-Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. A própria lei diz que: “Toda a árvore de interesse público não poderá ser cortada ou desramada sem autorização prévia da Autoridade Florestal Nacional, sendo todos os trabalhos efectuados sob sua orientação técnica”, segundo se lê na página online do ICNF.

A última vez em que a população do Vale de Santarém assumiu posição pública sobre a necessidade de medidas urgentes para salvar o Pinheiro das Areias foi em 2012, através de uma moção, aprovada por unanimidade na Assembleia de Freguesia, a qual foi apresentada depois à Câmara Municipal de Santarém. Ora, desde então, nada foi feito, no terreno, que pudesse vir ao encontro das preocupações manifestadas no texto da moção, pois o pinheiro continua a sofrer com a perda de areias em seu redor, a exposição das raízes, o corte não orientado de pernadas e a poluição envolvente.

Deste modo, tal como se dizia na moção aprovada na Assembleia de Freguesia do Vale de Santarém, os abaixo-assinados lembram ao executivo camarário a necessidade urgente de medidas para que este assunto seja resolvido e que as acções eventualmente já projectadas passem definitivamente à prática, o mais rapidamente possível, devido ao risco eminente de se perder este rico património da nossa Vila, do Concelho e do País.

As assinaturas podem ser feitas em:

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT76753

2 Comments

  1. Foi com muito agrado que vi esta publicação. A situação actual é mais gravosa para o nosso Pinheiro das Areias. Um grande vendaval, há quase um ano, quebrou uma das suas grandes pernadas. Temos continuado a publicar sobre o assunto, agora adicionando a preocupação pela saúde da árvore, que está em maior perigo, devido às infiltrações de água e humidade que, como é natural, se começa a infiltrar na parte onde quebrou, ainda mais porque está virada para cima. Já fomos ao ICNF, em Santarém, disseram que estavam a prever colocar algo que impedisse as infiltrações, mas até agora ainda nada foi feito. Quanto ao resto, também não: a moção aprovada há anos na assembleia de freguesia, por unanimidade, e o abaixo-assinado (que colheu à volta de 700 assinaturas) não tiveram, infelizmente, qualquer resposta de quem de direito: Câmara, ICNF. Uma tristeza.

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