CARTA DE LISBOA – A importância de ser Cavaco – por Pedro Godinho

lisboa

 

Cavaco é um sonso, o sonso da República.

O político profissional há mais tempo alapado ao poder – capturado pela intriga, maquinação e algumas punhaladas – continua a fazer-se passar pelo não político, até com alguma aversão a essa coisa da política – que sacrifício – simples professor de Finanças  – ó Botas que me inspiras – mas afinal esteve em todas e nunca largou o osso.

Homem simples que a providência fez ir a um congresso partidário a que não pensava ir – como o país tem de estar agradecido àquele BX que precisava de fazer a rodagem  – e sair de lá Sebastião do laranjal e futuro pequeno Napoleão de Portugal, rodeado de ajudantes e assistentes.

Primeiro-Ministro despesista – brilharetes de grandes obras públicas com dinheiros europeus – deixou o país asfaltado mas sem agricultura, sem pesca, sem indústria – serviços q.b. para servir mandaretes estrangeiros em trânsito a necessitar de criadagem – deixou obra e escola.

Veio a ascender, santificado, nas alturas, à Presidência da República onde mostrou não saber o que é a República e ser seu Presidente. Após o 25 de Abril, nenhum presidente foi tão sectário e partidário quanto ele – familiares, amigos e camaradas sempre à frente.

(Quem esqueceu o dia em que subiu a entrada para o Palácio de Belém – o próprio, mulher, filhos e afins, mãos dadas, em linha, a tomar posse: isto agora é nosso.)

Todas as suas decisões favoreceram sempre os seus. Algumas más-línguas dizem que o têm preso pelos bpn’s com que se envolveu

Vai voltar a fazê-lo, não sairá de Belém sem mais uma nódoa na sua presidência.

E fará o que for preciso para tentar um apartheid político pela direita contra uma alternativa democrática de cor diferente.

No regime semipresidencialista português, os poderes do Presidente são muito maiores – assim os queira usar – que os governamentalistas pretendem fazer crer.

Estrábica, a esquerda portuguesa tem negligenciado a importância na República do Presidente, contentando-se com candidatos que a tomam por final dourado de carreira.

Desgraçadamente, vai voltar a perceber a importância de ser Cavaco.

2 Comments

  1. Mas para ser Presidente de uma coisa pestilenta e cheia de bolor a que chamam República, este sujeito tem todas as condições necessárias para o ter sido, visto que para PR deve ser alguém que quanto pior. melhor !!! – A meu ver não se aproveita nenhum embora, e apesar de tudo o menos mau teria sido o Eanes.

Leave a Reply to Francisco LuizCancel reply