A convite da Universidade Popular do Porto, fui lá, quarta-feira, 20, de manhã, dar uma “aula” sobre a Guerra Colonial, da qual acabei expulso, ao fim de 4 meses, embora a decisão tivesse sido equacionada, logo ao fim dos dois primeiros meses, após a homilia que proferi na Missa de 1 de Janeiro de 1968, o Dia Mundial de Paz. Parti para o Porto, determinado a preencher aquela hora e meia de “aula”, com a pertinente pergunta, A Guerra Colonial já acabou? Seria, a meu ver, a melhor maneira de, em vez de dar eu a “aula”, serem as pessoas presentes na sala a dá-la umas às outras. Afinal, não pôde ser assim, porque o que elas pretendiam era o meu testemunho pessoal sobre esses curtos 4 meses de capelão militar, em Mansoa, Guiné-Bissau. Nem queiram saber a revolução interior que o meu testemunho veio a operar nas mentes-consciências das pessoas presentes na sala, e muitas eram. Nomeadamente, quando lhes revelei que, na altura, com 30 anos de idade, 5 de presbítero da igreja-movimento de Jesus, vi o que até então nunca havia visto. Vi que o que, ingenuamente, temos por Bem supremo é apenas a máscara do Mal estrutural. Pelo que aqueles poucos do Poder que temos por bons, são, afinal, os maiores agentes do Mal, por isso, os maiores criminosos e pecadores. Mais lhes disse que esta visão-vivência ficou, desde então, gravada a fogo na minha consciência, de modo que nunca mais fui o mesmo ser humano, o mesmo presbítero da Igreja. De repente, as pessoas viram que, desde criança, têm sido levadas a ver como o supremo Bem, o que, afinal, é o Mal estrutural; e como bons os agentes do Poder, quando são eles os maiores criminosos e pecadores. Nem foi preciso referir-me às eleições presidenciais deste domingo. Todas ficaram habilitadas a ver que este tipo de iniciativas do Poder mascaradas de Bem, não passam duma encenação destinada a esconder o Mal estrutural. Tal como a Guerra Colonial que, na altura, muito poucos contestaram, quase todos consideraram-realizaram uma Cruzada ou Guerra santa! Quando crescemos de dentro para fora em humano e assumimos os nossos destinos políticos nas mãos?!
22 Janeiro 2016