Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
A moeda central (2/3) – explicações
Olivier Berruyer, La Monnaie Banque Centrale (2/3) – explications
Les-Crises.fr, 15 de Março de 2012
(CONTINUAÇÃO)
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III. A criação do Banco Central de moeda
Vimos que a moeda central irá circular entre os bancos comerciais. Mas como é que é criada?
Na verdade, ela é criada através de um simples jogo de registos contabilísticos.
Exemplifiquemos com uma imagem. É como se cada um de nós esteja a jogar com quatro amigos. No início do jogo decidimos que seremos “banco” e iremos dar 100 pontos a cada um dos jogadores. Nada nos impede, pois, enquanto “banco” de dar 200 ou até mesmo adicionar 50 a um jogador – um simples registo na conta do jogador em causa, uma vez que somos nós que temos o registo . A este nível do jogo interrogarmo-nos onde é que o banco central encontrou todo isso dinheiro? “, é tão estúpido como inútil para o jogo perguntar: mas de onde é que tirou todos os pontos que nos deu a todos? “…
No final, percebemos que isso é simplesmente uma história de convenções. E o mesmo se passa com o Banco Central – não há limite fixo ao nível da sua “capacidade teórica ” para criar moeda central.
Claro que, para um sistema financeiro sobreviver mais de dois dias, existem regras, nomeadamente de contabilidade visando a conservação do valor. Tal como no jogo – os outros jogadores irão garantir que nós não iremos dar 50 pontos sem nenhuma razão a nenhum jogador.
Assim, o Banco Central irá criar moeda central creditando a conta de um banco comercial, se o banco comercial lhe der em troca algo de valor igual. Esse “algo” assume principalmente duas formas.
A primeira é que o banco comercial lhe dê uma garantia, lhe entregue um título de valor igual e de boa qualidade (obrigação… …):
Pode-se notar que se encontra aqui um esquema muito próximo de um depósito em moeda banco central feito por um particular junto do seu banco.
A segunda opção é a transferência temporária do título – ou venda com a obrigação de recompra pelo banco comercial. O banco comercial temporariamente vende títulos ao Banco Central com o compromisso de recomprá-los na data de vencimento do empréstimo contraído junto do banco central. Em seguida, o Banco Central cria moeda Central creditando a conta do banco.
Embora o activo permaneça contabilizado no balanço do banco comercial, Banco Central fica em mãos com o risco relativo ao valor dos activos considerados “colocados à sua guarda como garantia ” (ela aplica um desconto sobre o valor facial dos activos colocados à sua guarda como garantia, de 10 a 20% por segurança). Portanto, o banco central exige um complemento ao banco comercial em caso de depreciação de activos: estes complementos são chamados os efeitos de reserva de margem.
(continua)
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