EDITORIAL – UM HOMEM E UM AEROPORTO

Os últimos dias têm sido amplamente preenchidos com a questão de se dar o nome do futebolista Cristiano Ronaldo ao aeroporto do Funchal. Alguns argonautas já se pronunciaram sobre o assunto e muito bem. Claro que não se trata de um problema vital para o país, ao nível por exemplo, da crise do sistema bancário, ou da pertença ou não à União Europeia,  mas a atribuição de um nome a um aeroporto importante não é um problema menor. Os aeroportos têm um papel decisivo na vida de uma região ou mesmo de um país. O nome dado a cada um deles deverá ter um valor simbólico apropriado. Por isso tem cabimento esta discussão. Concorda-se em princípio que se lhes atribua o nome de uma figura importante na vida e na história do país onde são localizados, em vez de uma designação relativa ao local ou região onde são implantados. Alguns opinam, julga-se que com alguma propriedade, que os nomes a dar deveriam ser de pessoas que tivessem estado de alguma maneira ligadas à aviação.

E a discussão não se cingiu ao aeroporto do Funchal, agora Cristiano Ronaldo. Foram feitas na grande comunicação social referências negativas aos nomes de outros aeroportos, incluindo o Humberto Delgado. Um comentador televisivo, salvo erro João Pereira Coutinho, levantou dúvidas sobre se teria sido adequado atribuir o nome do general sem medo, para designar o aeroporto situado na Portela de Sacavém, junto à capital, sendo sua opinião que haveriam personagens da nossa história cujo nome ficaria melhor a designar o aeroporto de Lisboa que o do homem que desafiou Salazar em 1958. Não mencionou os nomes que, em seu entender, estariam nessa situação.

Humberto Delgado foi general da arma de aviação e teve importantes ligações à aeronáutica civil. Mas sobretudo foi uma importante figura da história de Portugal. Se durante muitos anos foi uma figura grada do regime ditatorial, a sinceridade e a valentia com que o defrontou quando se apercebeu das suas injustiça e incapacidade de melhorar a vida dos portugueses fizeram com que mereça ombrear com as maiores figuras da história pátria. É totalmente acertado incluí-lo entre as maiores figuras da história de Portugal.  E dar o seu nome ao maior aeroporto do país.

1 Comment

  1. Enquanto o Almirante Carlos Gago Coutinho e o Comandante Sacadura Cabral não tiverem os seus nomes nos aeroportos de, respectivamente, Lisboa e Porto ninguém tem o direito de ver o seu nome na fachada dum qualquer campo de aviação português.CLV

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